Um dos grandes pontos de recebimento e distribuição de açaí em Belém, o Porto da Palha, no bairro da Condor, segue em situação de abandono. A reclamação é feita pela própria população que circula pelo local, seja para comprar ou vender os produtos oriundos das regiões das ilhas, ou para se deslocar de casa à escola ou ao trabalho.
A movimentação de paneiros de açaí ainda era intensa, ontem, por volta das 10h no trapiche do Porto. Apesar da grande quantidade de pessoas chegando e saindo, porém, as condições da madeira que compõe o trapiche não aparentavam qualquer segurança. Muitas tábuas estavam soltas e se moviam à medida que se caminhava pelo local. As frestas entre uma tábua e outra são tão grandes que é preciso caminhar olhando para o chão para não correr o risco de enganchar ou torcer o pé, situação que só piora se se tratar de uma criança.
José Maria Pereira, 47, trabalha com compra e venda e carregamento de açaí no Porto da Palha há 22 anos e não lembra de uma reforma que tenha, de fato, melhorado as condições de trabalho no local. “Só colocam madeira fraca nesse trapiche. Há 12 anos que eu escuto que vão fazer um trapiche de alvenaria, mas nunca sai”, conta.
HORÁRIO DE PICO
O vendedor lembra que a movimentação mais intensa no porto começa ainda por volta das 3h. Logo nas primeiras horas da manhã, a quantidade de pessoas interessadas nos produtos vendidos é tão grande que toma toda a extensão do trapiche. A maior preocupação é com a segurança dos que passam por ali. “Está precisando de uma reforma, principalmente a escada de ferro que já quebrou. Fica pior para os idosos que já não conseguem descer mais”, relata José Maria.
A escada a qual o vendedor se refere é a única prevista para o embarque e desembarque de passageiros. De qualquer modo, são poucos os barcos que conseguem atracar na escada, já que muitos são altos e não têm como encostar. Como saída, a grande maioria das embarcações encosta no trapiche para que os passageiros embarquem por cima, passando pelos telhados de um barco para o outro até que cheguem ao de destino. “É muito ruim embarcar desse jeito. Seria bom se tivesse um local mais amplo que os barcos pudessem encostar para a gente entrar”, reclama a lavradora Dulcinéia Leal, 50, que tentava embarcar com o neto no colo.
Assim como ela, outras famílias se arriscavam circulando pelos telhados dos barcos com crianças pequenas, malas, sacolas e tudo mais que precisassem levar na viagem. A falta de estrutura para embarque e desembarque no local já resultou até na queda de pessoas idosas. “Um senhor caiu uma vez quando tentava embarcar”, lembra a estudante Manuelle Cristina, 16.
RECEIO
A exemplo de muitos outros estudantes, Manuelle precisa desembarcar todos os dias no trapiche do Porto da Palha para ir à escola. Ela não nega que se sente insegura quando precisa descer da embarcação. “É muito ruim porque a gente corre o risco de cair. Aqui está tudo abandonado, ninguém faz nada por isso aqui”, lamenta.
(Cintia Magno)
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