Criatividade que gera renda extra no período natalino

Giovana Cavalcante atua o ano todo como decoradora, mas o período natalino é ainda melhor para o trabalho que realiza (Foto: Wagner Santana)

Decoração natalina, produção de objetos com o tema de Natal e doces para servir nas ceias ou presentear - como as trufas-, estão entre as opções de renda tanto para quem está sem trabalho quanto para quem está no mercado formal e quer aumentar a renda nas festas de fim de ano.

O ator Kadu Santoro, 33 anos, trabalha com teatro e peças publicitárias. Mas, por ter a habilidade de fazer doces, aproveita o período do final do ano para ter uma renda complementar com a produção de trufas de chocolate associada a diversos sabores, como as trufas crocantes que levam ingredientes como castanha-do-pará e outros sabores regionais.

Ele começou a produção já em novembro porque as trufas podem ter muitos usos. “São boas opções de presentes para amigos e também para as empresas darem aos seus clientes ou mesmo nas confraternizações”, destaca. “Eu também já estou recebendo encomendas para quem quiser usar as trufas para dar um toque sofisticado às ceias de final de ano” diz Kadu, garantindo que as trufas dão excelente retorno como renda extra.

Há 4 anos a advogada Giovana Cavalcante, 36, a Gigi, começou a usar seu talento para decoração de casas e apartamentos como meio de renda extra, sobretudo no periodo natalino. Ela descobriu ser esse um nicho tão lucrativo que nos últimos 2 anos trocou a advocacia pela profissão de decoradora.

LIBERDADE

Giovana diz que a mudança trouxe mais liberdade. “Eu queria dar mais atenção pros meus filhos, minha família e, nesse ramo, eu posso fazer minha própria agenda de trabalho” explica. Mesmo trabalhando o ano todo, ela afirma que o Natal ainda é a melhor época para ter renda extra, decorando de 5 a 6 casas por semana, trabalho que começou ainda no final de outubro.

A cerimonialista Carolina Vilhena, 35, há 3 anos é cliente de Giovana. Junto com o marido, Fábio Vilhena, a família curte tanto o Natal que até as crianças - Ítalo, 5 anos, e Leandra, de 1 ano, -adotam o figurino. “Eu não tenho tempo e não sei decorar tão bem. Então, vale a pena contratar o serviço, chegar e já encontrar a casa toda no clima do Natal.

Informalidade

Das cerca de 3,6 milhões de pessoas ocupadas, metade está no mercado informal no Pará, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese).

Kadu Santoro aproveita o final do ano para vender trufas (Foto: Wagner Santana)

Benefícios para a pessoa e para a cidade

Diante de um cenário de crise econômica e com alto índice de desemprego, segundo Roberto Carlos Alcântara, doutor em economia, a saída encontrada tem sido as pessoas trabalharem por conta própria. “É o caso das pessoas que aproveitam os períodos de sazonalidade, importantes para obter renda extra”, diz. “Em Belém temos até um período a mais, que é o Círio de Nazaré, mas o fim do ano é, sem dúvida, o melhor para a economia”.

Para aproveitar o bom momento, o economista destaca a criatividade. “Ganha quem tem habilidade para trabalhos com artigos de decoração natalina, brindes para confraternizações ou dotes culinários para as ceias de fim de ano, entre outros”. Segundo ele, esta situação traz aspectos positivos tanto para a pessoa ou em família, como para a cidade, gerando nova entrada de dinheiro na economia e aquecendo a cadeia do processo de desenvolvimento econômico da sociedade.

Maria Rodrigues apostou nas garrafas como objetos de decoração e para presentear (Foto: Marco Santos)

Trabalho com material reciclado

A dona de casa Maria Rodrigues, 58 anos, já vive da sua arte, mas ainda consegue um dinheiro extra no final do ano fazendo artesanato temático de Natal. “Ano passado meus temas foram as velas. Este ano apostei nas garrafas como objetos de decoração e até para dar de presente mesmo” afirma.

Com o seu trabalho, Maria ainda ajuda o meio ambiente, reciclando as garrafas que dão origem às novas peças. Na produção ela utiliza tanto garrafas de vidro quanto as plásticas. “É um trabalho que dá uma nova vida aos objetos e agrada muito os meus clientes”, conta Maria, apostando que este Natal será mais rentável do que o do ano passado

(Cléo Soares/Diário do Pará)