Com obras paradas desde abril de 2016, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jurunas, em Belém, encontra-se em estado de abandono. Mato e entulhos podem ser observados na área externa da construção. Enquanto o espaço permanece de portas fechadas, os pacientes padecem em busca de atendimento, já que são obrigados a se deslocarem para unidades de saúde ou prontos-socorros da capital onde, muitas vezes, faltam médicos e medicamentos básicos.
Morador do Jurunas, José Santos, 52, conta que na sua casa moram ele, a esposa, o filho, a nora e uma neta. Todos dependem da rede de saúde pública e, quando precisam de algum tipo de atendimento, se deslocam para a Unidade Municipal de Saúde do bairro. Porém, nem sempre conseguem marcar consultas ou receber
medicamentos.
“É um descaso com a população, porque se estivesse pronta (a UPA) facilitaria muito a nossa vida. A gente chega no Guamá (PSM) ou no posto, não tem médico, não tem remédio. Sou hipertenso e toda vez preciso comprar o remédio”, lamenta. A dona de casa Vanessa Nascimento, 31, acredita que faltava pouco para a obra ser entregue. Porém, o local continua sem serventia para a população. “Na minha opinião é descaso mesmo, porque faltava pouca coisa para terminar”, critica.
ESCOLA
Segundo Vanessa, antes da construção, funcionava uma escola naquele local. Com a desativação, os alunos teriam sido deslocados para um galpão, sem nenhuma infraestrutura, situado em frente ao complexo do Jurunas. “Já que não fazem a UPA, a população chegou a sugerir que colocassem as crianças para estudar aí. Mas não foi para frente. É uma tristeza porque esse prédio está se acabando, enquanto as crianças estudam no calor”.
Diretor do Sindicato dos Médicos do Estado do Pará (Sindmepa), o médico Wilson Machado disse que, durante audiência realizada em novembro passado com representantes da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), a Prefeitura disse que a reforma do PSM do Guamá está prevista para iniciar em março deste ano. “Eles disseram que estavam dependendo da entrega da UPA da Terra-Firme porque todo atendimento ambulatorial, consultas e de emergência do Guamá, será transferido para a UPA. Então, vamos continuar cobrando para que isso aconteça”, pontua.
O médico acrescenta que os atendimentos de UTI serão encaminhado ao PSM da 14 de Março. E os casos de cirurgia, segundo a Sesma informou, serão direcionados ao Hospital Samaritano. Ou seja, apesar de ter sido inaugurada ontem (12), a UPA da Terra-Firme está prevista para receber a demanda do PSM do Guamá. Em nota, a Sesma afirma que as obras da UPA do Jurunas estão em ritmo reduzido por causa da crise financeira no País.
Vereadora foi ao MP por causa de abandono
A vereadora Marinor Brito (PSol) ressaltou que recebe várias denúncias da precariedade do atendimento da rede municipal de saúde. Segundo ela, a partir de vistorias, foi constatado, por exemplo, falta de médicos, de medicamentos e redução das equipes do programa Saúde da Família na Unidade Municipal de Saúde da Terra Firme, bem como em outras unidades da capital. “A sensação que a gente tem é de que o serviço público de saúde, em geral, parou em Belém desde o 1º mandato do atual prefeito (Zenaldo Coutinho)”, afirma. “Esse abandono da UPA do Jurunas foi uma situação que eu denunciei ao Ministério Público”, afirma.
(Pryscila Soares/Diário do Pará)
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