A expectativa de que junho salvasse o Comércio dos prejuízos de meses anteriores ficou balançada após a greve dos caminhoneiros. Com 11 dias de bloqueio nas estradas, mercadorias paradas e problemas de desabastecimento em Belém, as vendas de maio do centro comercial da capital caíram em até 50% em alguns estabelecimentos. Segundo lojistas, além da falta dos produtos que não puderam ser entregues, o apelo da quadra junina e da Copa do Mundo foi deixado de lado em detrimento de produtos de primeira necessidade, como alimentos e higiene em geral.

“O Comércio inteiro foi impactado. Mercadoria da semana passada só está chegando agora e já tem várias coisas faltando”, disse Janice Correa, gerente de um dos principais armarinhos do bairro do Comércio, tradicional nas vendas de tecidos, fantasias e artigos de quadrilha. “Já não temos linhas, fitas, nem bordados. Outros produtos já estão no estoque final”, completou a funcionária.

A expectativa da gerente era de que a quadra junina levantasse as vendas em até 30%. No entanto, até o momento, o efeito foi o oposto: houve um prejuízo de 50%. Mesmo com o fim da greve e as chances de as vendas voltarem a aumentar, Correa afirma que será difícil recuperar o prejuízo. “O que a gente perdeu já foi perdido”, lamentou.

A situação também estava difícil na loja de decoração e artigos para festa em que Clenilson Farias trabalha como supervisor. Há 20 dias sem mercadorias novas, o estabelecimento tem vivido uma queda de 20% nas vendas. “Por sorte, nós tínhamos um bom estoque, mas mesmo assim sentimos o impacto. Tudo que afeta o cliente nos afeta”, contou.

Farias argumenta que por produtos de festa e decoração não serem de primeira necessidade, eles acabam perdendo espaço em tempos de crise, já que os consumidores têm outras prioridades mais urgentes.

Na loja de tecidos de Cleice Brito, as vendas também haviam caído no fim de maio e a preocupação com o estoque, aumentado. “A chita, por exemplo, já está no fim, e se temos dez peças armazenadas é muito”, preocupa-se a gerente.

Ela explica que a frustração é grande, já que junho costuma ser um mês muito farto para o Comércio por causa da festa junina e do preparatório ao retorno às aulas. A expectativa para este ano estava ainda maior por causa da Copa do Mundo da Rússia.

Com o fim da greve, após 11 dias de paralisação, no entanto, a esperança é de que o movimento volte a aumentar no início de junho e as mercadorias finalmente cheguem aos estabelecimentos. Mesmo assim, as quedas do fim de maio preocupam os faturamentos dos comerciantes.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)

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