Deteriorados, os abrigos de paradas de ônibus em vários pontos de Belém acabam por não cumprir o seu principal papel: proteger os passageiros contra a chuva e o sol. Quando existentes, as estruturas são tomadas por buracos em seus tetos ou mesmo não dispõem de assentos adequados para o descanso de quem aguarda pelo coletivo.

Abastecida por uma grande quantidade de linhas que transitam pela Grande Belém, a avenida Almirante Barroso coleciona exemplos de abrigos danificados. Na altura do bairro de São Brás, um ponto em frente à Escola Municipal Benvinda de Franca Messias já não possui mais cobertura. O que se vê é apenas a estrutura de ferro que deveria apoiar o telhado. Diante do forte calor que fazia na manhã de ontem, a cobertura fazia ainda mais falta para os usuários. “Aqui faz muito sol e também chove muito. Tinham que ajeitar essas paradas para a gente ter abrigo”, reclamou a doméstica Rosane dos Santos, 30.

Já uma parada na Estrada dad Ceasa é sustentada por um pedaço de pau há oito meses (Foto: Irene Almeida/Diário do Pará)

Indignada com a situação da parada da Almirante Barroso, ela lembra que o problema não é restrito e pode ser observado em vários outros abrigos espalhados pela cidade. Rosane, inclusive, já passou por situações difíceis com o pai, de 78 anos. “A gente ficou numa parada que estava sem telhado e caiu aquela chuva. Eu e meu pai nos molhamos todos porque não tinha para onde ir”, contou. “Os ônibus já não têm condições e a gente ainda tem de esperar eles debaixo de sol e chuva...”.

A espera pelo coletivo também fica mais complicada em outra parada instalada na Almirante Barroso, dessa vez na esquina com a travessa Barão do Triunfo. O abrigo localizado em frente a um órgão público que gera um fluxo grande de pessoas, o Centro de Especialidades Médicas e Odontológicas (Cemo), segue também com o telhado danificado. Além disso, a parada foi instalada de tal forma que o banco fica quase na altura do chão. “Aqui o banco é quase no chão e, se chover, a gente se molha todo”, disse o motorista Fernando Gomes, 47. “A gente vê que esse não é um problema isolado, mas da cidade toda”, completou.

PRECARIEDADE

Já no bairro do Curió-Utinga, na Estrada da Ceasa, o problema das péssimas condições dos abrigos de paradas de ônibus se repete. No final da linha Pedreira/Nazaré, o telhado do ponto é apoiado por um pedaço de pau. Além desse improviso, é possível ver que a base da estrutura de ferro encontra-se enferrujada. “Já pensou se uma coisa dessa cai em cima da gente? Isso é muito pesado”, alertou o embalador Marcos Ramos, 40. “A gente fica com receio porque se dá uma chuva forte com vento a situação complica”.

Habituada a esperar pelo coletivo na mesma parada, a manicure Faustina Santana, 47, conta que, por vezes, precisa esperar até 40 minutos pelo ônibus. “Deveríamos ter, no mínimo, um abrigo decente”, observou.

A doméstica Rosane dos Santos sofre com o forte calor em uma parada sem cobertura, no bairro São Brás (Foto: Irene Almeida/Diário do Pará)

No caso da parada da Estrada da Ceasa, o problema é agravado pelo tempo em que o abrigo já se encontra em tais condições. Ainda em março deste ano, o DIÁRIO denunciou que o abrigo era apoiado por um pedaço de madeira.

Na época, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) informou, em nota, que estaria trabalhando “na realização de licitação para instalar novos abrigos de ônibus na cidade”, sendo que o projeto seria de responsabilidade da Superintendência de Mobilidade Urbana de Belém (Semob). A nota dizia, ainda, que a Semob enviaria “uma equipe técnica ao local indicado na reportagem para avaliar as condições do abrigo de ônibus”. Oito meses depois, porém, a situação continua a mesma no local.

O QUE DIZ A PREFEITURA?

A Prefeitura de Belém informa que já realizou um mapeamento prévio dos pontos de ônibus que necessitam de implantação ou manutenção de abrigos no município e que no mês de setembro lançou uma concorrência pública para seleção de empresa especializada no serviço, que previa a instalação de até 500 abrigos.

Porém, na abertura do processo licitatório, nenhuma empresa apresentou interesse. A Prefeitura informa que um novo projeto foi enviado à Secretaria Municipal de Coordenação Geral de Planejamento e Gestão (Segep) para avaliação e posterior aplicação do certame e recebimentos de propostas.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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