No início desta semana, a vendedora Jamile Miranda foi surpreendida ao ser orientada a providenciar a merenda escolar dos seus dois filhos. Caso ela ou algum outro responsável não consiga arcar com as despesas, as aulas na Escola Estadual Cabanagem, no bairro Castanheira, em Belém, podem ser reduzidas a meio turno e os alunos liberados após o intervalo das atividades.

Há pelo menos dois anos o colégio enfrenta um processo de fechamento, que não vai para frente por conta da pressão dos pais. “Desse jeito não há como ter uma educação boa. Se a escola acabar, vamos ter de ir para outros lugares, pois a escola atende o Castanheira. É a única que tem desse lado do bairro”, reclamou.

A ameaça real e alarmante preocupa os pais. São cerca de 300 alunos do ensino fundamental, do primeiro ao quinto ano, que convivem com os constantes problemas, como falta de estrutura e merenda. “A situação da escola é muito grave. Já veio inclusive documento da Seduc para fechar devido a falta de estrutura, mas nós pressionamos porque isso será um desastre para as crianças”, afirmou.

A situação só não é pior por causa da solidariedade alheia. “Tem três semanas que os funcionários fazem coleta para fornecer merenda aos estudantes. Vamos ao Ministério Público porque a escola alega que não chega merenda, embora tenha feito solicitação para o serviço”, prometeu.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação do Pará (Seduc) não respondeu ao DIÁRIO.

(Luiz Guilherme Ramos/Diário do Pará)

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