Tomé-Açu: indígenas impedem trânsito de trabalhadores

Empresas de transporte que prestam serviços à Brasil BioFuels (BBF), no município de Tomé-Açu, anunciaram que irão suspender temporariamente seus serviços por causa de ameaças de grupos indígenas da região.

Há cerca de 15 dias, indígenas da etnia Tembé invadiram duas fazendas da BBF (Shinomya e Marrocos), destruindo alguns equipamentos, furtando outros e ameaçando funcionários. Agora, o grupo está ameaçando repetir a ação de abril desse ano, quando queimaram ônibus que transportam trabalhadores até a empresa e depois às suas casas.

Sob a liderança de Paratê Tembé e seu pai Lúcio Tembé, um grupo invadiu e realizou novos bloqueios em diversas áreas privadas da empresa Brasil BioFuels (BBF), afetando estradas vicinais utilizadas no trajeto de trabalhadores até suas casas. Os bloqueios são realizados de forma sistemática e criminosa, com madeiras cortadas provenientes de áreas de preservação ambiental e posteriormente queimadas, bem como valas profundas e contêineres bloqueando o ramal de acesso.

Com medo de novas invasões e sob forte ameaça, como o incêndio em diversos ônibus realizados em 21 de abril, empresas de transporte coletivo deixaram de prestar seus serviços desde a última semana. Desta forma, centenas de trabalhadores estão impedidos de realizarem suas atividades nas áreas da empresa BBF.

Os invasores utilizam principalmente a presença de mulheres e crianças para bloquear as vias de acesso nas estradas vicinais, impedindo o exercício de trabalho daqueles que dependem do cultivo do dendê para prover o sustento de suas famílias.

Por um lado, é realizado o bloqueio de estradas com pessoas vulneráveis, impedindo a passagem dos trabalhadores para as áreas da empresa. Por outro, é feito a ameaça aos proprietários de empresas de transporte que temem pelo seu patrimônio e se recusam a prestar o serviço. Desta forma impede-se o trabalho e a mobilidade dos moradores na região.

A ação dos indígenas coloca em risco milhares de famílias e inclui a invasão de terras privadas, o furto de frutos de dendê, roubo de bens, incêndios criminosos, agressão a funcionários e tentativas de estupro e homicídios.

A empresa BBF realizou o registro do Boletim de Ocorrência na delegacia de polícia civil de Quatro Bocas e aguarda o desfecho do caso.