A Polícia Federal desarticulou o chamado First Capital Bank, um banco voltado para lavar dinheiro do tráfico de drogas no Pará. A PF descobriu a empresa em 2022, durante uma apreensão de mais de uma tonelada de cocaína em um sítio localizado no município de Curuçá, nordeste do Pará. Na ocasião, celulares foram apreendidos e duas pessoas foram presas em flagrante.

O litoral paraense é conhecido como um local estratégico para a rota do tráfico internacional de drogas, já que fica próximo de países produtores das substâncias ilícitas, como Colômbia e Bolívia.

Foram meses de investigação até as autoridades realizarem uma operação no último dia 4 de abril de 2024, quando 12 pessoas foram presas, além de computadores, carros de luxo, dinheiro vivo e joias foram apreendidos em uma das sedes do grupo criminoso, em São Paulo. Após a operação, a Justiça Federal determinou a suspensão das atividades do banco e o bloqueio das contas da empresa.

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De acordo com a reportagem, que foi ao ar no programa Fantástico, da TV Globo, a PF descobriu que os criminosos contratavam pescadores para transportar a carga de entorpecentes em fundos falsos de pequenas embarcações que iam em direção ao litoral. Já no destino, as drogas eram enviadas para a Europa e a África. O dinheiro da venda era lavado no First Capital Bank.

Movimentações financeiras milionárias eram feitas por pessoas físicas e jurídicas, os famosos "laranjas", através de empresas de fachada.

Regiane Pereira de Oliveira, segundo documento encontrado pela PF, foi apontada como a sócia majoritária do banco. Nelson Piery da Silva e Nailton Rodrigues Coelho foram conhecidos pela polícia como sócios da empresa e se apresentavam como operadores do mercado financeiro.

Regiane, Nelson e Nailton, indicados como operadores do "banco".
📷 Regiane, Nelson e Nailton, indicados como operadores do "banco". |Reprodução/Fantástico

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Nailton foi preso, já Nelson Piery conseguiu escapar durante a operação realizada neste mês. O programa dominical teve acesso a imagens do investigado saindo de um condomínio de luxo em São Paulo. De acordo com a PF, Piery fugiu 12 minutos antes da chegada dos agentes. Ele e Regiane seguem foragidos.

Os três já haviam sido alvo de uma operação realizada em Minas Gerais que investigava crimes de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.

O banco criminoso é uma empresa ativa na Receita Federal, entretanto, não foi registrado como uma instituição financeira. Além disso, o banco nunca teve operação autorizada pelo Banco Central. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse que ele não é cadastrado no seu sistema.

Nas redes sociais, a empresa, que tinha até site próprio, fazia promoções e vídeos institucionais. A PF não consegue afirmar se os clientes do banco sabiam que ele era gerido por uma organização criminosa, mas essas perguntas devem ser respondidas nos próximos dias, já que as atividades da empresa foram suspensas.

Atualmente, o intuito da investigação é saber de onde saíram os recursos e a ideia da criação de um banco para o tráfico e como se dava a cooperação dos envolvidos no esquema criminoso.

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