De acordo com o Estudo Global de Homicídios 2011 da ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil é o líder absoluto no número de homicídios de todo o planeta. Por aqui, mata-se mais do que em qualquer outro país em guerra. A onda de violência na Região Metropolitana de Belém vem causando medo e insegurança à população, que diante dos fatos silencia e dificulta o trâmite de informações à polícia no sentido de ajudar a elucidar os crimes.
O brutal assassinato dos seis adolescentes, no distrito de Icoaraci, foi a terceira maior chacina do Pará e entrou para o rol das chacinas ocorridas no Pará, que chocaram a opinião pública nacional nos últimos cinco meses. Sem explicações sobre a motivação do crime, a população levanta respostas e possibilidades.
O antropólogo da Universidade Federal do Pará (UFPA), Romero Ximenes, descarta que a rivalidade entre gangues rivais possa ser a motivação do crime. Para ele, o assassinato foi planejado e cometido por assassinos profissionais. “A rapidez da ação, a variedade de armamento usado e atitude dos criminosos em colocar as vítimas de joelhos são de criminosos experientes, como justiceiros”.
No Mapa da Violência deste ano, do Ministério da Saúde, o Estado do Pará lidera o ranking das cidades com altíssimos índices de violência urbana. Na maioria dos casos, a sociedade associa as ocorrências criminais com a atuação de adolescentes.
Romero Ximenes diz que o senso comum da população tende a relacionar a violência urbana à juventude. “As medidas socioeducativas empregadas aos adolescentes que cometeram ato infracional, previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), passaram a ser interpretadas de forma arbitrária e associadas à impunidade e a ideia de que o menor comete crimes porque não ‘pega nada’ para eles. O que nem sempre é verdade”.
“O modelo de juventude baseada no estilo baseado na vida do bem-estar graças a um carro novo, uma roupa de grife ou aparelhos eletrônicos acabam exercendo força do consumismo inconsequente no jovem. Com isso, as consequências são irreversíveis”, explica Ximenes.
Sem ter renda para comprar, segundo o antropólogo, uma parcela desses jovens é atraída pelas propostas fáceis de ganhar dinheiro e acaba na criminalidade.
CAUSA
Romero Ximenes ressalta que a pobreza não é causa da violência. Mas quando aliada à falta de serviços públicos de inclusão, torna os bairros mais pobres atraentes para a criminalidade e a ilegalidade. “Para conter esse tipo de conflito, o Estado precisa priorizar políticas de distribuição de renda, educação de qualidade e capacitação profissional para geração de emprego e renda. Sem isso, continuaremos coniventes com a violência”, finalizou. (Diário do Pará)
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