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POLÍCIA

Um travesti morre e dois são baleados no Marco

Um crime com indícios de execução sumária, segundo a polícia, assustou moradores do bairro do Marco e a comunidade LGBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de Belém. Na madrugada de ontem, três travestis que faziam programa na travessa B

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Um crime com indícios de execução sumária, segundo a polícia, assustou moradores do bairro do Marco e a comunidade LGBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) de Belém. Na madrugada de ontem, três travestis que faziam programa na travessa Barão do Triunfo, entre as avenidas Almirante Barroso e João Paulo II, foram baleadas por dois homens que estavam numa motocicleta de marca não identificada. Na ação, uma travesti que era de Barcarena, identificada apenas como Bianca, morreu na hora e as outras duas, de prenomes Letícia (registrada com o nome de Renilson Cabral Ribeiro, 31 anos) e Elóa (Leandro Oliveira Matos, 24 anos), tiveram ferimentos graves e foram encaminhadas para o Hospital Metropolitano, em Ananindeua.

“Foi horrível. Os dois homens pararam a moto na nossa frente, pediram para a gente se ajoelhar atrás de um depósito de lixo e começaram a atirar. Quando eles começaram a efetuar os disparos, nós ainda tentamos correr, mas não adiantou. Todas nós fomos baleadas”, contou Elóa, enquanto era atendida por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo ela, os autores do crime são dois homens morenos que, minutos antes, teriam passado pelo local e perguntado o preço do programa. “Não deu para identificar o rosto deles porque os dois estavam de capacete. Só sei que eles são morenos e fortes e estavam rondando a área há algum tempo”, revelou.

No local, rastros de sangue, bolsas, batons, preservativos e espelhos espalhados pelo chão eram a prova da correria das vítimas durante a ação criminosa. “Teve uma delas que ainda invadiu o auditório da Escola Adventista, onde estava sendo celebrada uma vigília religiosa. Assim que ela chegou à recepção, toda ensanguentada, os seguranças ainda tentaram colocá-la para fora. Porém, quando ela começou a falar sobre o caso, teve muita gente que saiu na mesma hora para chamar o socorro e ver o que estava acontecendo”, contou um jovem que participava da vigília de oração.

Policiais militares da 8ª Área de Segurança Pública (Aisp) estiveram no local minutos depois do crime. Segundo o tenente Rodrigo Reis, ainda foram feitas buscas na área, mas a polícia não encontrou nenhum indício sobre os acusados. “Pelas informações que levantamos, os executores dos disparos estavam numa motocicleta, mas ninguém soube identificar a marca do veículo, o que dificulta o nosso trabalho”, afirmou o tenente.

Para o militar, responsável pela segurança do local do crime, todos os indícios do ocorrido levam a polícia a acreditar em execução premeditada. “Pelo que uma das vítimas relatou, a ideia era matar os três. E só não conseguiram porque os travestis correram na hora. Fora isso, a informação de que os dois homens na moto estavam rondando a área aumenta ainda mais as suspeitas de um crime com caráter de execução sumária, que tinha como objetivo acabar com a vida dos três homossexuais”, garantiu Reis.

Moradores da rua onde ocorreu o baleamento disseram ter ouvido vários disparos por volta da meia-noite. Segundo uma mulher, que prefere não ser identificada, essa não é a primeira vez que o grupo de travestis é vítima de atentado. “Eu nunca tinha visto a situação chegar a esse extremo. Mas é comum elas serem agredidas fisicamente e até haver tiros no local, mas elas sempre conseguem escapar. Pena que dessa vez elas não tiveram a mesma sorte”, afirmou a moradora.

A informação da mulher foi confirmada por várias travestis que estiveram no local. Segundo, Jennifer, 25 anos, que faz programa na travessa Timbó, próximo ao Instituto Federal do Pará, o ponto da travessa Barão do Triunfo é um dos mais perigosos de Belém. “Já tive várias colegas que trabalhavam aqui e foram espancadas durante a noite. Eu não sei sobre esse caso, mas geralmente as agressões são feitas por clientes que transam com elas, não pagam pelo programa e ainda tentam extorquir as meninas”, revelou.

Especulações

Para o porteiro André Lima, que trabalha num prédio próximo ao local do crime, o atentado contra as travestis foi motivado por vingança. “Quem trabalha ou mora aqui perto sabe o quanto elas se envolvem em roubo. Não a cabe mim dizer se as travestis são culpadas ou não. Mas na área é muito constante ter ocorrências de gente que é roubado por elas. Vai ver que esse crime foi isso. Algum cliente foi roubado pelas três e voltou para se vingar”, especulou o porteiro.

Policiais civis da Seccional Urbana de São Brás, onde o caso foi registrado, e uma equipe da Divisão de Homicídios, sob o comando do delegado Lenoir Cunha, estiveram no local. Para os investigadores da DH, ainda é cedo para fazer qualquer afirmação. “A polícia ainda precisa de mais subsídios para dar qualquer informação sobre o caso, mas a hipótese de execução sumária é certamente uma das mais fortes na nossa linha de investigação”, afirmou um investigador.

De acordo com médicos do Hospital Metropolitano, as duas vítimas encaminhadas para aquela unidade de saúde passaram por cirurgias e não apresentam mais risco de morte.

Choque para a comunidade LGBT

O atentado contra as três travestis que faziam programa na travessa Barão do Triunfo assustou membros de comunidades LGBT de Belém. Para Simmy Larrat, coordenadora do Grupo de Resistência dos Travestis e Transexuais da Amazônia (Greta), o crime é um claro exemplo de homofobia. “Infelizmente, esse caso não é um fato isolado. Crimes homofóbicos, principalmente contra travestis, que são as mais vulneráveis nesse grupo, têm se tornado rotina na Grande Belém e nenhuma providência é tomada pelas autoridades de segurança pública”, afirmou. Segundo ela, somente ano passado, o Pará apresentou 22 casos de homicídios envolvendo homossexuais e 50% desses registros foram contra travestis.

“E esses números podem ser muitos maiores, já que muitas vezes, durante a ocorrência do crime, a orientação sexual das vítimas não é levada em conta. Na verdade, a maioria dos casos que ficamos sabendo é pela imprensa, pois o fato de a polícia não considerar a orientação sexual durante o registro dos dados dificulta e muito o nosso trabalho no acompanhamento quantitativo desses casos, que muitas vezes permanecem impunes”, revelou.

(Diário do Pará)

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