O DIÁRIO teve acesso com exclusividade ao “Relatório de Registros de Ocorrências Policiais do Estado”, junto ao Sindicato de Policiais Civis do Pará (Sindpol/PA). Chamam atenção os 58.284 mil casos de roubo no Pará, registrados de 1 de janeiro até a última terça-feira, 22 de outubro.

A média é de 197 roubos por dia. Não há hora, lugar ou perfil de vítimas. As grades nas residências e comércios já não inibem a ação dos meliantes.

O mês de maio bateu recorde de registro: 6.756. Outubro, antes mesmo de terminar, já contabiliza 3.922 roubos. 

Há quem queria justificar ao dizer que a cidade passa por uma ‘’sensação de desamor’’. Entretanto, para quem faz parte desta estatística, o único sentimento que impera é o de medo e insegurança.

O auditor interno, Rodrigo Peixoto, 29 anos, sabe muito bem como é se sentir assim. Ele mora há dois anos no Conjunto Gleba II, bairro da Marambaia, em Belém. Diz conviver diariamente receoso com os constantes assaltos. 

No inicio do ano, foi abordado em frente à própria residência, quando passeava com o cachorro. Ele relembra o momento como se fosse ontem. ‘’Isso foi em fevereiro. Umas 22 horas. Estava com meu cachorro em frente de casa, quando dois caras chegaram numa moto. Colocaram a mão nos meus bolsos. Levaram meu celular e jogaram meus documentos fora’’, conta.

Rodrigo denuncia os constantes assaltos no conjunto. Detalha que as passagens J 3, J1, Q 1 e Q 2, que dão acesso as quadras, são as preferidas pelos assaltantes para abordar as vítimas, já que as vias são rodeadas de residências. ‘’Tá complicado esse perímetro todo aqui. Tá cruel. Só na Quadra J, quatro pessoas foram assaltadas’’, enfatiza.

VÍTIMA

Na manhã de ontem, a esposa de Rodrigo, Luciana Lima da Silva, 28 anos, não escapou das estatísticas de roubos no Pará e nem de mais um assalto no conjunto. Por volta de 7 horas, quando saia para trabalhar, foi abordada no canteiro da Quadra J, por um homem numa bicicleta, que lhe levou o celular. Após a ação, com dois metros de distância, o meliante avistou uma senhora que também dobrava a quadra e a parou. Porém, o assaltante desistiu de levar o celular da vítima, pois era de um modelo antigo, informou Luciana.
Ela registrou boletim de ocorrência na Seccional da Marambaia. O casal está descrente de que algo possa ser feito. ‘’Aqui tem uma seccional bem próximo. Mas parece que roubo não conta. Não é um grande caso para que seja feito algo pela polícia. Aqui sempre foi assim. E ultimamente tem piorado’’, diz Rodrigo.

Cada quadra do conjunto tem uma praça. Muitas estão abandonadas. Cobertas de mato. O local se tornou propício para a prática de assaltos e usuários que usam entorpecentes.

NEM AS CRIANÇAS ESCAPAM

No conjunto, os horário em que as pessoas estão mais vulneráveis são de 7h a 8h, e de 12h as 13h, quando as crianças vão e voltam da escola e os pais saem para trabalhar de manhã cedo. ‘’Até as crianças são assaltadas. Não há policiamento. Quando acontece alguma coisa, eles aparecem e depois somem’’, conta.

‘’Já roubaram um carro de um colega meu em frente à casa dele’’, lembra Rodrigo, que diz não sair mais de casa com a esposa por medo. ‘’Tem um lanche perto de casa. A gente vai e volta correndo’’, diz.

EM NÚMEROS 67.307 roubos em 201270.991 roubos em 201358.284 em 2014 (roubos até o dia 22 de outubro). Em 2014, mês de maio teve os maiores registros: 6.756Ainda em 2014, o mês considerado “mais tranquilo” é o atual, outubro: 3.922 roubos registrados Fonte: Sindpol/PA

(Diário do Pará)

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