Alarmantes pelas condições de perigo oferecidas às vítimas, os assaltos desencadeiam uma preocupação a mais quando praticados contra policiais e profissionais de segurança privada. Umas das principais ferramentas utilizadas por criminosos para cometerem vários tipos de delitos, algumas das armas de fogo ilegais que circulam na cidade são roubadas de quem possui o porte legal da arma.

Ainda que não haja um estudo específico que aponte o caminho percorrido pelas armas até que cheguem às mãos dos criminosos, a rotina vivenciada nas delegacias e seccionais aponta algumas das principais formas de acesso a esses armamentos por parte de quem pratica crimes. Diretor da Seccional Urbana da Cremação, o delegado da Polícia Civil do Estado do Pará (PC), Aldo Botelho, acredita que são dois os principais caminhos. “Essas armas geralmente entram pelas nossas fronteiras a partir de outros países, principalmente os países da América do Sul, onde é liberada a venda. E uma outra forma também são os assaltos e roubos, mas principalmente os assaltos”, acredita. “Essas armas todas geralmente vêm dessas vertentes: das nossas fronteiras e dos roubos e assaltos a seguranças privados e policiais militares e civis”.

Baseado na experiência adquirida ao longo das ocorrências atendidas, o delegado identifica ainda que, muitas vezes, os criminosos que praticam os assaltos não são os donos dos armamentos. Na grande maioria das vezes, os atendimentos realizados nas seccionais apontam o aluguel das armas por parte dos assaltantes. “Geralmente eles alugam. É bem comum quando a gente prende algum desses meliantes, eles dizerem que alugaram a arma, mas nunca dizem de quem. Acontece muito essa troca de arma. Por isso que é bom a gente sempre fazer essa perícia na arma porque pode identificar outros crimes, outros homicídios”, explica o delegado, ao ressaltar que uma mesma arma acaba sendo utilizada por pessoas diferentes para cometer vários tipos de crimes. “Vai passando de mão em mão até que a polícia consegue fazer a apreensão (da arma). Geralmente os crimes estão interligados: o tráfico de drogas com essas armas. Eles alugam a arma para a pessoa assaltar porque o cara que assalta é viciado. O tráfico de drogas é interligado com essa questão dos assaltos, do armamento... geralmente o tráfico de drogas é o que coordena toda essa área”. 

PREÇOS 

Acreditando que os preços cobrados pelo aluguel de uma arma possam variar de acordo com o crime que pretende ser executado, Botelho já conseguiu identificar o aluguel de uma arma até por R$300. “Eu cheguei a pegar uma situação até por mensagens de Whats App que por dois dias ele teria alugado a arma por R$300. Era um [revólver] 38 e nós conseguimos recuperar essa arma, justamente porque nós pegamos o celular da pessoa detida que mostrava que ele tinha alugado para um cara”, lembra. “Nós mandamos ele buscar a arma e autuamos ele em flagrante. Então, depende muito do valor, do que vai ser feito com a arma, do risco que a arma sofre de ser perdida”.

Dentre os tipos de armas mais apreendidos, estão os revólveres e justamente as pistolas que são de uso restrito da polícia. “Revólver 38 e pistola são os mais apreendidos. A pistola que é de uso militar e geralmente tomada dos policiais e o 38 que é utilizada por essas empresas de segurança privada. São as duas armas que a gente mais apreende”, aponta Botelho. “Mesmo com as apreensões que nós fazemos todos os dias, que ao final do mês chega a uma soma grande, com certeza deve ter bastante arma circulando de forma irregular porque você vê que os assaltos geralmente estão ocorrendo com armas, né?”, analisa. “O grande problema de Belém é que a criminalidade é dissipada em todos os bairros. Não tem uma área vermelha, está bem dissipada”.

O que a gente vê é que o bandido permanece armado


(Diário do Pará)

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