Entre 1 janeiro desse ano e o fechamento dessa edição, 14 detentos, que cumprem pena em unidades prisionais do Pará, foram assassinados. O último deles foi Wilton Márcio da Silva Sousa, 19 anos, que foi decapitado, anteontem, no Centro de Detenção Provisória de Icoaraci (CDPI), na Região Metropolitana de Belém. Doze dias antes, 5 presos serraram grades de uma das celas e tentaram fugir da Unidade Prisional, mas foram contidos por agentes prisionais e até mesmo por um cachorro, chamado Conan, e que ganhou status de herói pela façanha.

No domingo (18), uma confusão, iniciada após a visita aos presos, por volta das 16h30, causou a tragédia. Wilton dividia a cela com outros 7 presos. Durante 4 horas, 2 agentes prisionais foram feitos reféns e policiais militares, após muita negociação, conseguiram libertar os reféns. O corpo de Wilton, que estava preso desde o dia 29 do mês passado, por crime de roubo, foi removido. A Superintendência do Sistema Penitenciário (Susipe), informou que uma briga entre os detentos resultou na morte do jovem. 

Tanto o caso em que Conan atuou quanto a confusão que resultou em assassinato exemplificam a realidade do sistema carcerário paraense. Unidades prisionais acima da capacidade permitida. 

Apenas 8.442 vagas para 15.071 presidiários

Segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) 14 homicídios já foram registrados nas unidades prisionais paraenses em 2016, média de pouco mais de um homicídio por mês. Atualmente os presídios do Estado têm capacidade para abrigar 8.442 internos, número bem inferior ao da população carcerária atual que é de 15.071, segundo o último balanço do mês de julho.

E a tendência é de que o número de presos até o fim do ano aumente ainda mais. A Susipe espera que, até dezembro, 15.989 presos estejam detidos nas unidades prisionais paraenses. Atualmente o Pará é o 14º estado em população carcerária absoluta no Brasil.

A Polícia Civil já abriu inquérito para investigar as causas do assassinato de Wilton. Outros detentos também prestarão depoimento que serão utilizados nas investigações.

(Danilo Magela)

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