Em depoimento à Polícia Federal, o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Investigação) Alexandre Ramagem confirmou ser a opção de confiança do presidente Jair Bolsonaro para assumir a chefia da corporação.
De acordo com pessoas que tiveram acesso ao depoimento, Ramagem explicou que ganhou a confiança do presidente durante a campanha, quando se aproximou da família Bolsonaro e comandou a segurança do então candidato a presidente após o atentado em Juiz de Fora.
Ramagem chegou a ser nomeado pelo presidente para o comando da PF, mas acabou tendo a sua posse suspensa por uma liminar concedida pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
O presidente Jair Bolsonaro chegou a apresentar ao ministro do STF um pedido de reconsideração da suspensão, mas ele foi negado.
Na peça, o Palácio do Planalto defende Ramagem e diz que não há quaisquer provas de alguma ordem presidencial voltada para manipular ou fraudar investigações da PF.
O depoimento de Ramagem é uma das três oitivas ocorridas nesta segunda-feira (11) relativas às investigações sobre suspeita de interferência do presidente da República na PF.
Amigo da família Bolsonaro, Ramagem foi citado por Sergio Moro quando se demitiu do Ministério da Justiça. Segundo o ex-juiz federal, o presidente lhe pressionou para efetuar a troca do diretor-geral da PF sem motivo ou razão aceitável.
O diretor da Abin usou boa parte de sua inquisição para defender suas capacidades técnicas para assumir a corporação.
Na semana passada, um ofício elaborado por delegados próximos a diretor da Abin, a Polícia Federal o defendeu para o cargo de diretor-geral e disse que a nomeação buscou atender o interesse público, como revelou o jornal Folha de S.Paulo.
O documento responde a uma consulta feita pela AGU (Advocacia Geral da União) e foi anexado na ação do Supremo Tribunal Federal que suspendeu a indicação feita por Jair Bolsonaro.
A delegada Juliana de Sá Pereira Pacheco é quem assina a peça oficialmente, no dia 30 de abril, um dia após a decisão de impedimento do STF. Ela é coordenadora de Recursos Humanos, cargo que foi ocupado por Ramagem em 2018.
O ofício foi feito por Daniel França, coordenador da segurança de Bolsonaro por um período na campanha, e por Rodrigo Carvalho, que foi subordinado a Ramagem dois anos atrás no RH da Polícia Federal.
França e Carvalho são responsáveis pela elaboração de pareceres para a AGU.
"Como defensor da Constituição Federal e dos princípios que a regem, o ministro do STF detém competência para impedir a nomeação em caso de flagrante violação constitucional, mas não está em sua competência avaliar uma presunção de que o indicado, apesar de seu currículo, virá a cometer ilegalidades apenas em razão de ser conhecido do senhor presidente da República e de seus familiares", consta na peça.
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