Inúmeras denúncias envolvendo o governo de Jair Bolsonaro estão vindo à tona nas últimas semanas, especialmente com a abertura da CPI da Covid-19 no Senado, que avança aos poucos e escancara aos poucos diversas irregularidades cometidas pela gestão durante a pandemia. O assunto da vez agora gira em torno de uma denúncia feita pela Folha sobre a compra de vacinas.
O representante Luiz Paulo Dominguetti Pereira, da empresa Davati Medical Supply (uma vendedora de vacinas), afirmou que recebeu pedido de propina de US$1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. A denúncia foi feita em reportagem pela repórter da Folha, Constança Rezende.
Na denúncia, Dominguetti afirma que recebeu o pedido de propina pelo diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, durante um jantar no restaurante Vasto, localizado no Brasília Shopping, região central da capital federal, em 25 de fevereiro desse ano.
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A empresa Davati Medical Supply apresentou ao Ministério da Saúde a proposta de 400 milhões de doses de vacina da AstraZeneca pelo preço de US$3,5 cada dose (depois disso passou a US$ 15,5). “Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era forte. Aí ele falou: ‘Olha, para trabalhar dentro do ministério tem que compor com o grupo’. E eu falei: ‘Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?’”, contou Dominguetti.
Ao longo da denúncia, o representante lembra que insistiram no assunto de “compor com o grupo” e que para “conseguir algo a mais” era preciso aumentar o preço da vacina. “A vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo”, detalhou.
“Eu falei que não tinha como, não fazia, mesmo porque a vacina vinha lá de fora e que eles não faziam, não operavam daquela forma. Ele me disse: ‘pensa direitinho. Se você quiser vender vacina no ministério, tem que ser dessa forma”. A “forma” citada por Dominguetti seria acrescentar 1 dólar por dose. “Dariam 200 milhões de doses de propina que eles queriam, com um [contrato total de] R$1 bilhão”, explicou à Folha.
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Dominguetti disse que recusou o pedido de propina feito pelo diretor da Saúde, mas que mesmo assim insistiram para que fosse possível arcar com a negociação. “Tentamos por outras vias, tentamos conversar com o Élcio Franco, explicamos para ele a situação também, não adiantou nada. Ninguém queria vacina”, afirmou.
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