O partido Novo anunciou oficialmente, nesta quarta-feira (3), a pré-candidatura do cientista político Luiz Felipe D'Avila para disputar a Presidência da República em 2022.
No lançamento ocorrido em Brasíllia, d'Avilla, que é criador do Centro de Liderança Pública, disse que está aberto ao diálogo com outros candidatos para construir alternativas para as eleições, mas afirmou se tratar agora de um momento para os partidos apostarem nas suas próprias candidaturas.
O nome de d'Avilla foi anunciado em meio à turbulência interna dentro do Novo diante das divergências em relação ao governo Jair Bolsonaro -a legenda abriga tanto apoiadores do presidente como defensores de seu impeachment.
Ex-tucano, d'Avilla coordenou o programa de governo presidencial de Geraldo Alckmin em 2018, mas posteriormente deixou o partido.
Nesta quarta, ele disse que governos populistas de esquerda e de direita fizeram o Brasil refém e defendeu uma agenda liberal para economia, com reformas e privatizações para redução do tamanho do Estado.
"O populismo apenas perpetua a miséria, a pobreza, a corrupção e o mau funcionamento das instituições democráticas", disse.
O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, alfinetou outros integrantes da legenda ao enfatizar que a escolha teve como critérios alinhamento e convicção dos valores, viabilidade e capacidade de agregar. "Em resumo, não fomos atrás apenas de um bom candidato, mas de um bom presidente", afirmou.
Em entrevista à Folha no mês passado, d'Avilla disse ser a favor da cassação de Bolsonaro, mas que essa não era uma opção realista. "Não vamos conseguir ter impeachment. A meu ver, essa é uma página virada. Temos de focar como vamos tirar Bolsonaro por meio do voto", afirmou.
No ínicio do ano, o Novo chegou a anunciar o lançamento de João Amoêdo, que concorreu ao Planalto em 2018 e que defende agora o impeachment de Bolsonaro, como o escolhido para entrar na disputa ao Planalto em 2022, mas um grupo de filiados discordou e tentou emplacar o deputado federal Tiago Mitraud (MG).
Diante da crise, Amoêdo retirou no mês de junho a sua pré-candidatura. O empresário apontou como justificativa a "ausência de um posicionamento transparente, firme e célere" do Novo, o que "demonstrou a falta de unidade" quanto ao propósito para 2022. O empresário e fundador do partido teve mais de 2,6 milhões de votos no pleito de 2018 e ficou em quinto lugar.
Amoêdo, que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno da última eleição presidencial, agora se diz arrependido e defende o impeachment do presidente. Esse é um dos motivos pelos quais foi fustigado por parlamentares federais da sigla, tidos como alinhados a Bolsonaro e interessados em não romper com o eleitorado bolsonarista.
Na época, Amoêdo disse à Folha que, quando recebeu o convite, sua "compreensão era a de que seria para ser o pré-candidato, não participar do processo seletivo com outros nomes". Para ele, a proposta que havia recebido excluía a possibilidade da apresentação de outros concorrentes.
Envolvido na fabricação de uma terceira via, ele afirmou na ocasião não ter "fixação por ser candidato", mas disse defender que o partido tenha representante para sentar à mesa de negociações.
"Muito me orgulharia representar o Novo neste momento tão importante para o nosso país, mas não há como iniciar essa dura caminhada sem a condição por mim citada quando da aceitação desse convite".
Essa não foi a primeira divergência no partido por conta do bolsonarismo. Em 2020, um racha na legenda culminou na revogação da candidatura de Filipe Sabará a prefeito de São Paulo, depois de elogios dele a Bolsonaro e suspeitas de irregularidades.
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