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APÓS REPERCUSSÃO

Frias tenta explicar viagem de R$ 39 mil e agenda vazia

Viagem do secretário de Bolsonaro foi paga pelos cofres públicos

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Imagem ilustrativa da notícia Frias tenta explicar viagem de R$ 39 mil e agenda vazia camera Mario Frias fez uma live para explicar viagem que cousou mal-estar no governo | Reprodução

Numa live no sábado (12) à noite, o secretário especial da Cultura, Mario Frias, e seu braço direito, André Porciuncula, tentaram explicar a viagem de R$ 39 mil que Frias fez para Nova York em dezembro, paga pelos cofres públicos, e que causou mal-estar no governo.

Frias ficou na cidade entre os dias 14 e 19 daquele mês, acompanhado de seu secretário-adjunto, Hélio Ferraz. Neste período, a dupla teve apenas três reuniões, de acordo com a agenda do secretário da Cultura –uma com Bruno Garcia, empresário que se apresenta como especialista em Nova York em seu Instagram, outra com a estrela mundial do jiu-jítsu Renzo Gracie, e uma terceira com os produtores Marc Routh e Simone Genatt, que levam espetáculos da Broadway para excursionar por países da Ásia, segundo o site da empresa.

"Estávamos desenvolvendo a IN [instrução normativa relacionada à Lei Rouanet], o objetivo [da viagem] foi conversar com o mercado da Broadway, porque é um mercado que se autossustenta", afirmou o secretário na live. "Fomos com o mínimo, eu e Hélio ficamos no mesmo quarto, num hotel normal, preço normal", acrescentou.

A viagem, pedida em caráter de urgência no início de dezembro –ou seja, com menos de 15 dias de antecedência– custou ao todo R$ 78 mil aos cofres públicos, segundo dados do Portal da Transparência. As passagens de ida e volta saíram por R$ 26 mil para cada um dos servidores.

A justificativa oficial era um encontro com o lutador bolsonarista Renzo Gracie para um "projeto cultural envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte". A reunião com os produtores da Broadway não consta do Portal da Transparência.

Na semana passada, uma portaria alterou radicalmente a Lei Rouanet, o principal mecanismo público de incentivo às artes, impondo um limite de R$ 3.000 para o pagamento de artistas com verba incentivada. A viagem de Frias custou 13 vezes este valor.

Embora os dados sejam públicos e estejam num site do governo, Frias afirmou em seu Twitter que não voou de classe executiva, não pagou essa quantia pela viagem e que a finalidade da viagem "não foi da forma como colocaram nas inverídicas manchetes [de imprensa]". Ele não disse, contudo, qual valor gastou nem o motivo de ter ido para Nova York.

Na live de sábado, o secretário afirmou ainda que é caseiro e que detesta viajar. "Foi uma excelente viagem e vai gerar excelentes frutos. Se eu quisesse ficar na mamata, ficava na vida que eu tinha. E não para vir para cá e ficar levando pedrada."

Ferraz, o secretário-adjunto, disse numa rede social que a viagem serviu para fazer "importantes tratativas para construção de polo de formação de atores em musicais", discutir pautas do audiovisual e falar "sobre projetos incríveis que passam entre esporte e cultura em favor das crianças menos favorecidas". Segundo ele, não houve "champanhe pago com os cofres públicos".

Depois do mal-estar causado pela repercussão da viagem aos Estados Unidos, a Secretaria Especial da Cultura cancelou a viagem de Frias e de seus assessores a Rússia, Hungria e Polônia, prevista para esta semana. Eles integrariam comitiva do presidente Jair Bolsonaro, do PL, a Moscou, onde deve acontecer um encontro entre o líder brasileiro e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

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