A Bancada Feminista, mandato coletivo do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo, protocolou uma representação no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) em que pede a investigação de empresários que teriam passado a defender, em um grupo de WhatsApp, um golpe de Estado caso o ex-presidente Lula (PT) vença as eleições em outubro.
O caso foi revelado pelo portal Metrópoles. O site reproduziu as postagens dos empresários, que, segundo o colunista Guilherme Amado, foram feitas em um grupo com o nome de Empresários & Política, criado no ano passado.
O grupo inclui perfis atribuídos a empresários de diversas partes do país, como Luciano Hang, dono da Havan, Meyer Nigri, fundador e presidente do conselho da Tecnisa, Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia, Afrânio Barreira, do Grupo Coco Bambu, e José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan.
As parlamentares argumentam que as mensagens podem vir a configurar crimes "como ameaças de guerra civil, desobediência de ordem judicial e até mesmo um golpe de Estado" e devem ser investigadas pelos órgãos competentes.
O processo pede ainda que seja apurado se a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PT) possui alguma conexão com o grupo, "seja incentivando-os, patrocinando-os ou até mesmo sendo autor das notícias falsas e das ameaças ao processo eleitoral".
A covereadora Paula Nunes diz que "é necessário uma forte reação da sociedade e das instituições contra todas as iniciativas golpistas e antidemocráticas". E segue: "Estamos às vésperas da eleição, e o que vemos nestas mensagens é parte da elite econômica do país conspirando contra os direitos políticos e sociais da maioria da população".
Também nesta quinta (18) deputadas federais do PSOL Fernanda Melchionna (RS), Sâmia Bomfim (SP) e Vivi Reis (PA) enviaram denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso.
Hang confirmou à reportagem que integra o grupo, mas disse que quase nunca se manifesta e em momento algum falou sobre os Poderes.
"Vejo que meu nome vende jornal e gera cliques. Me envolvem em toda polêmica possível, mesmo eu não tendo nada a ver com a história", disse o dono da Havan à reportagem. "Sou pela democracia, liberdade, ordem e progresso."
Questionada sobre as manifestações do fundador no grupo de empresários, a assessoria da Tecnisa informou que a companhia "não fala em nome de Meyer Nigri" e que ele "não é porta-voz da empresa".
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