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DESENTENDIMENTOS

Lula demite Jean Paul Prates da presidência da Petrobras

Prates será substituído pela engenheira e ex-presidente da ANP, Magda Chambriard

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Imagem ilustrativa da notícia Lula demite Jean Paul Prates da presidência da Petrobras camera Demissão teria sido motivada por desentendimentos entre Prates e ministros de Lula | Ricardo Stuckert/ PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu nesta terça-feira (14) o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Para seu lugar, indicou a engenheira Magda Chambriard.

Magda comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) no governo Dilma Rousseff (PT).

Após a divulgação da decisão de Lula, os ADRs (recibos de ações brasileiras negociadas nos Estados Unidos) da Petrobras recuavam cerca 7% nas negociações pós-mercado.

A decisão foi comunicada a Prates em reunião no fim da tarde, no Palácio do Planalto, com a presença dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), com quem Prates vinha tendo desentendimentos públicos desde o início de sua gestão.

A Petrobras confirmou a informação em nota divulgada à noite. No texto, afirma que recebeu de Prates solicitação para convocação do conselho de administração para "apreciar o encerramento antecipado de seu mandato".

"Adicionalmente", completa, o executivo "informou que, se e uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende posteriormente apresentar sua renúncia ao cargo de membro do conselho de administração da Petrobras".

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Prates sofreu forte processo de fritura nos últimos meses, após críticas de Silveira à sua abstenção em votação de proposta do governo para reter dividendos extraordinários referentes ao resultado de 2024, medida que havia sido negociada com Lula.

Defendida por Silveira e Costa, a retenção foi aprovada no início de março e derrubou o valor de mercado da estatal. O governo acabou recuando semanas depois e aprovou a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários em assembleia no fim de abril.

Na assembleia, o governo não só recuou como determinou estudos para que a Petrobras distribua os 50% restantes até o fim do ano, em movimento que tranquilizou o mercado e recuperou o valor das ações da empresa.

Prates ganhou sobrevida no cargo, mas a avaliação no Planalto era de que sua manutenção não duraria muito tempo.

Nesta terça, sem a presença de Prates, a direção da estatal participou de eventos com analistas de mercado e jornalistas para detalhar o resultado do primeiro trimestre de 2024, quando a empresa apresentou recuo de 38% no lucro, para R$ 23,7 bilhões.

Pelo resultado, a estatal anunciou o pagamento de R$ 13,4 bilhões em dividendos a seus acionistas.

Prates, que estava em Brasília, fez comentários sobre o resultado no X (antigo Twitter), às 12h58 desta terça-feira.

"Mais um trimestre promissor em nossa Petrobras! Obtivemos resultados financeiros consistentes, nossa dívida financeira atingiu o menor patamar desde 2010 e alcançamos um resultado operacional robusto", escreveu.

"Nossos números mostram que estamos no caminho certo, em rota para cumprir tudo que estabelecemos no nosso Plano Estratégico 2024-28. E ninguém melhor do que nossa força de trabalho para relatar em vídeo alguns dos destaques desse período. Parabéns a todas e todos pelo resultado alcançado", afirmou.

"Seguiremos juntos rumo a mais um ano incrível para nossa companhia!", escreveu Prates.

Quem é Magda Chambriand

A substituta de Jean Paul Prates no comando da Petrobras, Magda Chambriard, é engenheira e ex-funcionária da estatal. Comandou a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) durante o governo Dilma Rousseff.

É vista pelo mercado como um quadro de perfil mais nacionalista do que Prates, que tentou equilibrar sua gestão atendendo a promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas sem assustar investidores privados.

Chambriard ingressou na ANP ainda no primeiro governo Lula, em 2002, como assessora da diretoria. Ocupou diversas funções na agência até assumir a diretoria-geral em 2012, no governo Dilma. Ficou apenas quatro anos, sendo substituída por Décio Oddone no governo Michel Temer.

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Sua gestão foi marcada pela retomada dos leilões de áreas para exploração e produção de petróleo no país, cinco anos após suspensão justificada pela descoberta do pré-sal e a necessidade de adequar as regras à oferta de reservas gigantes no país.

Foi marcada também pelas investigações de um dos maiores desastres provocados pelo setor de petróleo no país, o vazamento de petróleo durante perfuração de um poço da americana Chevron, na Bacia de Campos.

Após o acidente, Chambriard iniciou uma ofensiva por reforços na segurança operacional de plataformas de produção de petróleo no país, com a aplicação de elevadas multas sobre as empresas, o que lhe rendeu desavenças com o setor.

Também focou a fiscalização do cumprimento de obrigações contratuais de conteúdo local, que determinam as compras de bens e serviços no país, outro foco de divergências com as petroleiras.

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