O descaso com a saúde pública em Ananindeua, segunda cidade da Região Metropolitana de Belém, levanta suspeitas sobre a destinação de recursos para hospitais particulares. Encaminhamentos obstétricos do Pronto-Socorro Municipal de Ananindeua (PSMA) indicam que uma paciente de 38 anos foi direcionada para realizar uma laqueadura tubária no Hospital Santa Maria de Ananindeua (HSMA), unidade privada vinculada ao prefeito Daniel Santos (PSB), em vez de receber atendimento no Hospital Anita Gerosa, que historicamente realizava esse procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A paciente foi avaliada duas vezes no PSMA. Na primeira ocasião, ainda em 2024, foi atendida normalmente pela rede pública. No entanto, em janeiro de 2025, quando retornou para o encaminhamento do procedimento de esterilização, foi direcionada ao HSMA. O documento oficial de encaminhamento, emitido no dia 21 de janeiro deste ano, solicita atendimento pelo SUS na instituição privada, com previsão de cirurgia para 7 de fevereiro de 2025.
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A mudança no fluxo de atendimento coincide com a crise financeira que atinge o Hospital Anita Gerosa, que atende cerca de mil pacientes por mês pelo SUS. No último domingo (26), a maternidade da unidade suspendeu os serviços materno-infantis devido à falta de repasses da Prefeitura de Ananindeua, comprometendo atendimentos essenciais para a população.
Enquanto o Anita Gerosa deixa de receber os recursos necessários para manter seus serviços, o Hospital Santa Maria, vinculado ao prefeito, passa a absorver procedimentos que antes eram realizados pelo SUS na unidade filantrópica. A decisão levanta questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse e o destino do orçamento da saúde municipal.
O médico de plantão no PSMA destacou no documento de encaminhamento que a paciente atende a todos os critérios estabelecidos pela Lei 14.443/2022 para a realização da laqueadura tubária e foi devidamente informada sobre os riscos e alternativas do procedimento.
A situação gera preocupação entre os moradores de Ananindeua, que enfrentam dificuldades de acesso a serviços essenciais enquanto a gestão municipal redireciona recursos para um hospital privado ligado ao chefe do Executivo local.
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