
Apesar de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que o país tem déficit na relação comercial com o Brasil, números mostram uma realidade oposta. Há 17 anos, o fluxo de bens entre os dois países favorece os americanos, que vendem mais do que compram.
Em sua carta a Lula, Trump disse que os déficits com o Brasil são insustentáveis e que as taxas anunciadas nesta quarta-feira (9) serviriam para compensar barreiras tarifárias e não tarifárias supostamente impostas aos produtos americanos.
"Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de políticas tarifárias e não tarifárias do Brasil, causando esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Este déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional", afirmou Trump ao presidente brasileiro.
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O que Trump aponta na carta foi verdadeiro apenas por um período nos anos 2000, quando o país registrou oito anos seguidos de superávits. Em toda a série histórica disponível (desde 1997), o maior resultado favorável ao Brasil ocorreu em 2006, com quase US$ 10 bilhões. A partir daí, o saldo foi caindo até se tornar negativo a partir de 2009.
Nos dados parciais de 2025, a vantagem dos EUA está em US$ 1,6 bilhão. O Brasil tem as exportações dominadas por commodities ou produtos primários -como petróleo bruto, café e produtos de ferro e aço. Já as importações de produtos americanos tem no topo produtos ligados à aviação.
Os dados são computados no Comex Stat, sistema do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) usado para análises de mercado, estudos acadêmicos e outras tomadas de decisões.
Nesta quarta, pouco antes do anúncio de Trump, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Mdic) ressaltou os números da relação entre os dois países. "Eu não vejo nenhuma razão para aumento de tarifa em relação ao Brasil. O Brasil não é problema para os Estados Unidos, é importante sempre reiterar isso. Os Estados Unidos têm realmente um déficit de balança comercial, mas com o Brasil tem superávit de balança comercial, então o Brasil não é problema", afirmou.
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"De outro lado, dos 10 produtos que eles mais exportam para nós, [para] 8 a alíquota é zero, não pagam imposto. A alíquota é zero, o chamado ex-tarifário. Então, é uma medida que, em relação ao Brasil, é injusta e prejudica a própria economia americana", complementou.
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