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MÊS DO ORGULHO LGBT+

Pastora paraense trans acolhe LGBTs+ em igreja de São Paulo

Nascida em Belém, Jacqueline Chanel abriu a primeira igreja trans de São Paulo e hoje acolhe parte comunidade LGBTQIAP+.

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Imagem ilustrativa da notícia Pastora paraense trans acolhe LGBTs+ em igreja de São Paulo camera A pastora Jacqueline Chanel. | (Tuane Fernandes/UOL)

Muitas vezes orientação sexual e identidade de gênero andam separadas da religião. Porém, algumas pessoas conseguem incluir pessoas LGBTs+ em momentos de oração e representar um Deus acolhedor, como é o caso da Pastora trans Jacqueline Chanel.

Nascida em Belém, Jacqueline era levada aos cultos da Igreja Quadrangular pela família frequentemente, até ser abandonada pela mãe na mesma igreja onde passou a morar no quarto dos fundos dos 13 aos 19 anos. Foi criada pelo pastor Rui Beckman, que a acolheu após receber um bilhete dizendo que a partir daquele momento ele seria responsável por Jacqueline.

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A desculpa dada pela mãe da Pastora era de que a religião seria a única forma de "corrigir o jeito afeminado" dela. O Pastor Rui aceitou cuidar de Jacqueline até ser morto a tiros por traficantes em 1983. Jacque fez a transição aos 23 anos e era conhecida como Vatusa Beckman, em homenagem a quem ela se refere como "pai". Hoje, aos 59 anos, chame-se Jacqueline Chanel.

Ela se mudou para São Paulo, tornou-se cabeleireira, oi eleita organizadora da Caminhada Trans da capital paulista, ordenada pastora, abriu a primeira igreja trans de São Paulo e não anda só. Debaixo de suas asas, acolhe parte da população LGBTs+ que já passou por exclusão social.

Um dia, trabalhando no salão de beleza, recebeu um homem gay que disse ser pastor e a convidou para um culto em uma igreja inclusiva, que trabalhava com o acolhimento de LGBTs+. "Fui por curiosidade. Chegando lá, encontrei um público de pessoas LGBTQI+, e o pastor cumprimentava um por um com um abraço antes da oração. Quando ele começou a pregar falando como Deus era bom e amava todos sem fazer distinção, eu pensei: finalmente encontrei um Deus inclusivo, um Deus que acolhe", conta Jacqueline.

CRIANDO UM GRUPO RELIGIOSO TRANS

Após conhecer o trabalho das igrejas inclusivas, Jacque não parou de frequentá-las e passou a cobrar diariamente por mais líderes religiosos desenvolvessem trabalhos para pessoas Trans. Foi quando recebeu uma resposta da CCNE (Congregação Cristã Nova Esperança), em São Paulo, a autonomia para criar o Ministério Séforas, um grupo de louvor voltado para transexuais e travestis. Para ajudar cada vez mais pessoas, Jacqueline transformou o ministério em uma ONG.

Todos os investimentos dos jantares das reuniões da ONG saem do bolso da própria Pastora, que paga de R$100 a R$150 reais semanalmente. Além disso, ela sempre aparece com com roupas e sapatos novos, que ficam disponíveis para doação.

Quem geralmente cozinha é Rafaela Lima, grande parceira de Jacque. Rafaela, que atualmente está em situação de rua, também vai àquela igreja e aos encontros do projeto Séforas toda semana.

"As meninas e meninos que vêm até a Jacque têm um histórico parecido. Crescemos acreditando nesse Deus que acha pecado quem gosta de alguém do mesmo sexo. A gente cresce acreditando nesse Deus que abomina a liberdade. E, consequentemente, passamos a nos odiar por ser tudo que nos ensinam que Deus condena. A oportunidade que a gente tem com esse projeto é a de conseguir falar sobre o verdadeiro amor de Deus. Sobre o Deus que não é esse carrasco, mas sim um Deus de amor", diz Rafaela.

Hoje, à frente da ONG Séfora, ela prega a "inclusão radical" na religião. Um texto que fica na parede da ICM-SP, bem ao lado do altar, está um texto chamado "Confissão de Fé Inclusa", que Jacque classifica como o resumo de toda a ideia de inclusão que prega em reuniões religiosas com transexuais e travestis. Nele está escrito: "Creio nos direitos humanos, na solidariedade entre os povos, na força da não-violência. Creio que todos os homens e mulheres são igualmente humanos. Creio que só existe um direito igual para todos os seres humanos, e que eu não sou livre enquanto uma pessoa permanecer escrava."

Jacque Chanel e as participantes das reuniões da ONG Séforas.
📷 Jacque Chanel e as participantes das reuniões da ONG Séforas. |(Tuane Fernandes/UOL)
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