Betina Polaroid - alter ego do carioca Beto Pêgo, fotógrafo há 20 anos - é a convidada da Associação FotoAtiva para participar do Café Fotográfico que ocorrerá nesta segunda-feira, 16, às 19h, em sua sede, no bairro da Campina, em Belém.
Finalista do “Drag Race Brasil”, reality show de competição de drags queens, onde ganhou ainda mais visibilidade, a artista passou a ter seu trabalho amplamente divulgado. Dessa forma, está com a exposição “Espelhos”, aberta na Kamara Kó Galeria, em Belém, até o próximo dia 20.
“Está havendo trocas com outros fotógrafos, levando também a cena drag queen de Belém, principalmente o [coletivo] Noite Suja, que está fazendo uma curadoria de artistas queer e LGBTs para fazerem diálogos e apresentações de seus trabalhos durante a minha exposição. Isso é o mais interessante, que são as trocas e os elos que criamos para vermos que a arte drag e queer fazem esse comunicado sobre os artistas incríveis pelo Brasil que podem trabalhar juntos e através da arte colocar as nossas questões pelo mundo”, diz Betina.
Ainda de acordo com ela, foi muito gratificante toda a recepção, na capital paraense, na abertura da exposição, e ao receber o convite da Fotoativa. Ali, ela percebeu o tamanho da repercussão de seu trabalho.
“Foi surpreendente para mim ter despertado esse interesse. Eu acho que é um reflexo de reconhecimento do meu trabalho, da relevância da fotografia queer e da presença da arte drag nas galerias. Acho que ganhei notoriedade maior através da minha participação no ‘Drag Race Brasil’. Para mim, levar a minha exposição para fora do eixo Rio-São Paulo e chegar ao Norte e ter o reconhecimento de instituições importantes da arte fotográfica foi uma realização e grande presente”.
A fotografia surgiu na vida dela desde os 20 anos de idade e hoje são quase 30 anos fotografando. Betina trabalhava com fotografia comercial e quando começou a assistir ao reality, teve o start para sua produção.
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“Eu me apaixonei por uma nova geração que conheci depois que o reality se popularizou, porque a gente tem uma cena muito antiga no Brasil e já conhecia muitas artistas, mas me motivou muito ver uma nova geração que se montava para se expressar, não só para estar no palco, mas para se expressar como identidades queer, como forma de se mostrar para o mundo, seja para apresentar num trabalho no palco, seja só para se divertir”, comenta Betina Polaroid.
A primeira vez que ela montou essa exposição foi no Rio de Janeiro, em 2019. Mas há sete anos, ela já registrava a cena drag, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, e eventualmente em outras cidades.
“E nesses sete anos de registros eu reuni um acervo documental dessa cena e ao mesmo tempo comecei a fazer alguns estudos mais experimentais com a Polaroid, que é a mídia que eu uso em toda essa exposição. Então, o trabalho foi muito bem recebido pela Galeria do Ateliê Oriente, que foi o primeiro espaço que me acolheu, e logo depois dessa exposição eu participei do festival e aí veio a pandemia. Então foi uma loucura, porque eu tinha acabado de colocar meu trabalho pro mundo numa galeria de arte e logo depois teve o lockdown, e assim eu desmontei a exposição. Foi um impacto naquele momento”.
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Depois daquele período, ela foi convidada para participar de um festival de fotografia de Tiradentes (MG) para um público muito maior no âmbito da arte fotográfica.
“Depois do reality, a visibilidade aumentou porque está em uma plataforma disponível para 16 países e tem um público muito grande no Brasil, em especial o LBGTQIA+, além de ser um canal de televisão que tem grande audiência. Acredito ainda que há uma curiosidade de fotógrafos também ao ver uma drag queen fotógrafa, e falando disso. Além disso, tem uma documentação, de nós podermos contar a nossa própria história de dentro da comunidade”, conta ela.
A presidenta da Fotoativa e coordenadora do Café Fotográfico, Irene Almeida, comenta sobre o interesse pelo trabalho de Betina. “O Café Fotográfico com a artista Betina Polaroid vem da parceria com a Kamara Kó Galeria, onde está a exposição ‘Espelhos’, e a Associação Fotoativa. E é um trabalho muito especial por não só trazer o universo drag, mas porque as imagens se montam literalmente. Ela nos permite ver a transformação, de uma forma lúdica e única. É diferente de apenas fotografar sem trazer o significado e a importância de estar montada. Betina traz, de uma forma muito peculiar, tudo isso, no seu trabalho”.
PARTICIPE
Café Fotográfico com Betina Polaroid
- Quando: 16/12 (segunda-feira), às 19h
- Onde: Associação Fotoativa (Praça das Mercês, 19 - Campina)
- Quanto: Gratuito.
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