Rolar, engatinhar, e até andar antes do esperado. Essas são formações motoras específicas de cada ser humano, e cada criança tem um desafio diferente a ser superado com o tempo. Você sabia que o desenvolvimento motor começa ainda dentro do útero?
O DOL conversou com a fisioterapeuta Gabriela Rocha, sobre os marcos do desenvolvimento motor e sobre os benefícios de um acompanhamento profissional diante de alguma anormalidade.
De acordo com a profissional, ainda na gestação, por volta dos três meses é possível perceber os reflexos motores. "Ainda dentro da barriga da mãe podemos perceber quando a criança inicia o que chamamos de reflexo motor, que é um comportamento motor grosseiro ocasionado puramente por reflexos. Lá pelo quarto mês, a criança já conseguiu intensificar as 'ações', e então a mãe já pode perceber alguns sinais, como chutes e mudanças de posições', explica, comentando ainda que os reflexos servem como guias para diagnosticar desvios de normalidade.
Segundo Gabriela, os pais e responsáveis precisam ter conhecimento sobre os 'Marcos do Desenvolvimento'. 'Eles são os primeiros a perceberem o atraso neuropsicomotor, e muitas das vezes, por falta de conhecimento, acabam percebendo tardiamente, atrasando e consequentemente retardando o trabalho de reabilitação, que deve ser o mais precoce possível', afirma.
A prematuridade, complicações durante o parto, um peso muito baixo ao nascer, distúrbios neurológicos e desnutrição, entre outros problemas, estão ligados ao atraso motor.
A partir disto, uma avaliação minuciosa é feita na criança através de profissionais.
A fisioterapeuta Gabriela Rocha explica que existem inúmeros testes e escalas que variam de idade, sendo algumas escalas qualitativas e outras quantitativas que auxiliam na avaliação das crianças, para detectarem onde a fisioterapia deve agir.
'É importante ressaltar que não vamos agir apenas com enfoque no problema, pelo contrário, nos devemos desvendar o que aquela criança tem de função bem desenvolvida para aprimorar aquilo e promover o máximo de funcionalidade que podemos para ela', explica.
Atenção aos sinais!
'Existem reflexos primitivos que são avaliados logo nos primeiros meses de vida, alguns que devem estar presentes e outros que já deveriam ter desaparecido. Assim como o tônus muscular, que podemos caracterizar como a capacidade do músculo de se contrair e manter', argumenta a fisioterapeuta, revelando que uma das primeiras aquisições motoras que uma criança deve alcançar é o controle cervical, por volta de três meses de vida.
Dificuldade em segurar objetos, andar, pular, cansar com facilidade e não ter interesse por atividades lúdicas. Lentidão, falta de coordenação motora como se vestir, amarrar os sapatos, são leves sinais de comprometimento motor.
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Depois do susto, a evolução
Com o diagnóstico de Cardiopatia Complexa Congênita em mãos, a advogada Valena Jacob, de 42 anos, percebeu que precisaria de fôlego para cuidar do pequeno David Jacob Mesquita, de 2 anos de 7 meses. O filho nasceu com apenas um ventrículo e outras más formações no coração e com apenas seis dias de vida, precisou ser entubado, e a partir daí, a luta começou.
'A fisioterapia é vital na vida do meu filho', afirma Valena, contando que logo após o diagnóstico ele precisou do acompanhamento de um profissional.
'O David fazia fisioterapia respiratória na UTI e motora também. Ele ficou seis meses internado. Fez três cirurgias de 'peito aberto' e sem fisioterapia seria impossível a evolução dele', explica ela.
'Quando cheguei ele estava muito debilitado, quadro cardiorrespiratório afetado, lógico, mas além disto, havia tido acidente vascular cerebral durante as cirurgias, ocasionando uma hemiparesia a direita, que fez com que parte dos movimentos fossem afetados', relatou a fisioterapeuta Gabriela, que acompanha a criança desde os primeiros diagnósticos.
'Iniciei a reabilitação motora com muita cautela por conta do quadro de cardiopatia', disse, argumentando que atualmente as evoluções são incríveis.
'Ele tem controle total cervical, rola, senta, deita, levanta, utiliza com restrições seu membro superior direito e tem muita força em membro inferior direito', argumenta Rocha.
Emocionada, a profissional conta que quando percebe a evolução de David, o coração se enche de ânimo e força pra continuar. 'Ainda temos o que trabalhar, mas eu tenho consciência de que todas as funções adquiridas por ele, já o ajudam a ter plena qualidade de vida', conclui ela.
'De fato a gente percebe todo o relatório médico, neurológico, cardiológico, não acreditamos o quando ele evoluiu', diz a mãe de David, contando ainda que a necessidade da fisioterapia na vida da criança é constante.
Valena Jacob ainda comenta sobre a importância do diagnóstico precoce. 'Os pais da criança poderem saber o quanto antes da necessidade de problemas é muito bom. O David consegue sentar, se levantar, e eu tenho a plena ciência de que tudo isso devemos ao acompanhamento com a fisioterapia', diz a mãe. 'Agradeço a Deus pelo meu filho. É nosso milagre', diz ela, emocionada.
'Eu não valorizava a fisioterapia como hoje. Participo de um grupo por aplicativo de mensagens com mães que têm filhos cardiopatas como eu e todas relatam a importância da fisioterapia na vida de seus bebês, é realmente incrível', conclui ela, brincando que divide a materinidade com Gabriela Rocha, a fisioterapeuta cuida do pequeno desde os primeiros meses de vida. 'O David é um pouco filho dela também', conclui Valena.
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