Fevereiro começou laranja. A cor faz referência à campanha criada para conscientizar a população sobre a leucemia, doença que afeta as células da medula óssea e é caracterizada por mutações genéticas de causas desconhecidas que fazem os glóbulos brancos (leucócitos) perderem a função de defesa do organismo. Trata-se do 9º tipo de câncer mais comum entre os homens e 11º entre as mulheres, e representa cerca de 30% dos casos de câncer entre crianças e jovens de até 19 anos.
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“As células doentes se multiplicam e se acumulam na medula óssea, impedindo que o berçário das células sanguíneas funcione corretamente”, explica a hematologista Danielle Leão. “Por isso é tão importante falar sobre seus sintomas, diagnóstico e tratamento”, diz.
Existem vários tipos de leucemia, sendo quatro deles mais comuns, classificados de acordo com a gravidade e a velocidade da sua progressão (crônica ou aguda) e o tipo de célula na qual a doença se origina (células mieloides ou linfoides): leucemia mieloide aguda (LMA), Leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfoide aguda (LLA) e leucemia linfoide crônica (LLC).
De acordo com a médica, as leucemias agudas surgem de maneira muito rápida. “Em poucas semanas aparecem os sintomas, que se manifestam por meio de sinais de anemia, como palidez, cansaço e sonolência. Também podem ocorrer dores ósseas, gânglios aumentados, manchas roxas, sangramento na gengiva, febre e infecções sem explicações”, alerta.
Já as leucemias crônicas costumam progredir lentamente e as células sanguíneas conseguem preservar em algum grau suas funções. Muitas vezes, a doença é descoberta em meio a investigações de outras doenças ou em exames de sangue de rotina.
Diagnóstico
Não há exames específicos para diagnóstico preventivo de leucemias como os que existem em outros tipos de câncer. E como os fatores que provocam a doença ainda são desconhecidos, também não há como prevenir a partir de mudanças de hábitos e estilo de vida. Contudo, na grande maioria dos casos, o sinal de alarme da presença da leucemia pode ocorrer por meio do hemograma, um exame de sangue bastante simples.
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“O diagnóstico e tratamento precoces ainda são a melhor saída”, afirma a especialista. No caso de uma leucemia crônica, por exemplo, o diagnóstico precoce pode evitar o agravamento do quadro que pode levar o paciente a precisar diretamente de um transplante de medula óssea.
“Por isso, é preciso incluir o hemograma na rotina anual de exames, ficar atento aos sintomas e agendar consulta médica assim que perceber sinais suspeitos. Quanto mais cedo, melhor”, orienta a hematologista.
Atenção especial às crianças
No Brasil, a leucemia é a principal causa de morte entre crianças e jovens de até 19 anos. A leucemia linfoide aguda (LLA) representa cerca de 80% dos casos nessa faixa etária. E assim como nos adultos, quanto mais cedo for diagnosticada e tratada, maiores são as chances de cura.
A hematologista pediátrica, Maria Lúcia Lee, lembra que os principais sintomas nas crianças são manchas roxas e lesões da pele em bebês. Além disso, cerca de 30% dos pacientes pediátricos apresentam dores nas juntas que parecem artrites e, muitas vezes, são confundidas com dores do crescimento ou dores provocadas pelo peso da mochila nas costas. Sinais comportamentais também devem ser considerados, como apatia e falta de vontade de brincar.
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Segundo a médica, nos anos 80 a taxa de sobrevida das crianças com LLA no Brasil era de apenas 30% aproximadamente. De lá para cá, esse percentual cresceu para 69%, um índice ainda aquém dos registrados em países de alta renda, que já superaram a casa dos 90%. Uma das razões para essa diferença é justamente a demora no diagnóstico e início do tratamento, fatores agravados pelas condições de desigualdade social e dificuldade de acesso aos serviços de saúde para alguns segmentos da população.
“Esse atraso faz com que os pacientes cheguem aos médicos em condições clínicas mais graves e mais predispostos a complicações. Além disso, muitas vezes as primeiras manifestações da doença são confundidas com viroses”, esclarece a Dra. Maria Lúcia. De acordo com a médica, atualmente, o índice de mortalidade no começo do tratamento no Brasil é de 6%, enquanto a taxa considerada tolerável é de 1,8%.
Para evitar esse cenário, a recomendação dos médicos é a estratégia de vigilância, baseada principalmente na realização periódica de hemogramas. Contudo, é fundamental buscar centros de excelência que, além de proporcionarem todos os tipos de tratamento para as leucemias, oferecem serviços laboratoriais de qualidade para obter diagnósticos precisos.
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