Alerta! Saiba os efeitos do uso do celular por crianças

A Panorama Mobilie Time, plataforma de conteúdo sobre a indústria móvel, revela que no Brasil, 30% das crianças com idades entre 4 e 6 anos possuem um celular ou tablet em casa. O cenário tem despertado preocupação entre especialistas de saúde infantil.

A psicóloga Joelma Martins destaca que a exposição precoce às telas interfere no processo natural de aprendizagem e desenvolvimento das crianças. Tal interferência prejudica as atividades neurais que influenciam em diversas capacidades, com destaque para a concentração e interação social, essenciais para a evolução adequada da fala e linguagem.

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“É comum nos depararmos com crianças com menos de dois anos interagindo com dispositivos eletrônicos o que, para a própria Sociedade Brasileira de Pediatria, é arriscado. Nessa faixa etária, o ideal é que essa criança possa ter um contato maior com os seus cuidadores para desenvolver linguagem, gesto, afeto, longe das telas, para que isso não atrapalhe em seu desenvolvimento”, explicou Joelma.

Já para outras idades, a recomendação da profissional está em criar uma delimitação de tempo para que a criança use o aparelho de forma correta. “Claro que não é certo radicalizar, até porque a criança está imersa na tecnologia. Mas dá para presentear a criança com o aparelho eletrônico acompanhado de orientações: uso de dia ‘x’ a dia ‘y’, com uma hora de tempo apenas”, detalha.

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Outra pesquisa, desta vez realizada pela Universidade Federal do Ceará, em colaboração com outras instituições, concluiu que, das 3.155 crianças cearenses acompanhadas pelas instituições, 41,7% dos recém-nascidos tiveram acesso a vídeos e outros estímulos visuais além da medida, percentagem que aumenta para 85,2% aos 4 e 5 anos.

OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou recentemente uma cartilha com orientações para crianças com menos de 5 anos e o uso de aparelho celular ou tablet. Entre as orientações, destaca-se que crianças devem brincar com os aparelhos, mas focar a maior parte do tempo em parquinhos, ter contato com livros e seguir uma rotina de horários

para dormir.

Joelma concorda com a orientação e reitera que é preciso usar a tecnologia a favor do desenvolvimento e não contra. “É importante entender que dá para tirar proveitos, sejam através de jogos ou da própria educação. Vimos, por exemplo, na época da pandemia como esses produtos foram importantes para manter a rotina de uma criança, mas tudo com supervisão dos pais”, pontua.

“Para entender como o contato excessivo com as telas afeta o bem-estar mental dos jovens, é preciso considerar que o cérebro não nasce pronto: ele se desenvolve pouco a pouco ao longo das primeiras três décadas de vida. Algumas partes desse órgão vital só amadurecem completamente quando chegamos lá pelos 25 ou 30 anos”, descreveu Joelma Martins.

Além disso, a psicóloga informou que a luz emitida pelas telas inibe a produção da melatonina, um hormônio essencial para a indução do sono. “É sabido que as crianças precisam dormir, no mínimo, entre 9 e 10 horas por dia, pois boas noites de sono são essenciais para o desenvolvimento do corpo e da mente também. Se o descanso noturno não é adequado, logo geram consequências negativas”.

A orientação é: “Adquirir tablet ou smartphone para o filho no Natal está liberado, mas é preciso que haja equilíbrio no uso. Em contrapartida, estimule esse pequeno a atividades externas, como brincadeiras ao ar livre. Faça com que ele ou ela interaja com outras crianças, pois isso é muito importante. Leve-os para andar de bicicleta. Mente saudável é sinônimo de felicidade”, concluiu Joelma.