De acordo com estudos em relação a internações de pessoas com mais de 60 anos, cerca de 15 mil internações que foram analisadas, 71,8% dos casos houve pelo menos um alerta de uso de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos. O omeprazol foi um dos medicamentos mais citados.
No Brasil, onde teve um aumento de quase 57,5% no número de pessoas com mais de 65 anos nos últimos doze anos e onde espera-se que essa faixa etária represente 75,3 milhões até 2070, surge um novo desafio: preparar o sistema de saúde para o cuidado adequado com essa parcela da população.
Essa adequação inclui a avaliação dos riscos de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos (sigla MPI em português e PIM em inglês, de Potentially Inappropriate Medication. Trata-se de uma parcela da população com particularidades que não se aplicam a pacientes mais jovens. Os mais velhos têm mais doenças concomitantes, necessitam um maior uso de medicamentos e são mais vulneráveis a eventos adversos.
Em casos de situações de idosos que gerenciam um ou mais problemas de saúde crônicos, o uso de certos medicamentos pode agravar um quadro clínico, por exemplo, e aumentar os custos para o paciente e o sistema de saúde.
Cerca de 15 mil internações de pessoas com 60 anos ou mais passaram por analise de um estudo relizado pelo Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês e publicado no JAMDA (Journal of the American Medical Directors Association). Essa análise foi feita com a ajuda de um sistema de suporte à decisão clínica integrado ao prontuário eletrônico dos pacientes que gera alertas sobre a segurança e o uso correto de medicamentos.
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Durante essa análise, foram avaliados os alertas relacionados a PIMs para idosos e sua associação com os riscos clínicos dos pacientes internados, destacando os impactos na saúde e na trajetória hospitalar. Os resultados apontaram que em 71,8% das internações houve pelo menos um alerta de uso de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos.
É possível que profissionais menos familiarizados com a saúde do idoso subestimem eventuais riscos e sejam mais resistentes a fazer uma revisão de medicamentos. A principal justificativa para manter os PIMs de alta criticidade na prescrição foi de que o paciente já fazia uso contínuo.
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Só para ter uma ideia, um dos medicamentos mais citados no estudo foi o omeprazol, que é facilmente comprado nas farmácias e indicado para problemas gastrointestinais. Porém, trata-se de um remédio que está associado ao aumento das chances de manifestar problemas cognitivos no futuro, provavelmente por interferir na absorção da vitamina B12 no estômago. Nos dias atuais, muita gente toma esse medicamento por conta própria, sem indicação clara.
Mais do que isso: em pacientes internados, a diminuição da acidez do estômago provocada pelo omeprazol pode aumentar a quantidade e a variedade de bactérias e elevar o risco de pneumonia por broncoaspiração quando a pessoa tem refluxo.
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