
A pressa do dia a dia muitas vezes nos empurra para escolhas alimentares rápidas, práticas e, quase sempre, prejudiciais. Mas, e se fosse possível saber exatamente quanto tempo de vida estamos ganhando ou perdendo a cada mordida? Foi essa pergunta que motivou um grupo de nutricionistas da Universidade de São Paulo (USP) a transformar dados sobre alimentação em um relógio da saúde.
O estudo, publicado nesta sexta-feira (9) no International Journal of Environmental Research and Public Health, analisou 1.141 alimentos comuns na mesa dos brasileiros, associando cada porção consumida a minutos de vida saudável ganhos ou perdidos. O cálculo foi feito com base no Índice Nutricional da Saúde (Heni), criado para mensurar não só os efeitos à saúde humana, mas também o impacto ambiental de cada item avaliado.
CONTEÚDO RELACIONADO
- Tomar energético todos os dias faz mal à saúde? Confira
- Conheça sete maneiras de evitar doenças nos rins
- Surpreenda-se ao saber qual peixe é a melhor fonte de cálcio
Em média, os alimentos mais consumidos no Brasil resultaram em uma perda de 5,89 minutos de vida saudável por porção. A variação foi expressiva: enquanto o biscoito recheado liderou a lista negativa com -39,69 minutos por porção, o peixe de água doce foi o campeão positivo, somando 17,22 minutos à expectativa de vida com saúde. “Essas descobertas reforçam a necessidade de diretrizes alimentares que considerem a sustentabilidade e a realidade regional”, afirma o relatório da pesquisa.
Quer mais notícias de saúde? Acesse o canal do DOL no WhatsApp.
ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS
A pesquisa também jogou luz sobre os vilões da dieta brasileira: os alimentos ultraprocessados. Eles não só dominaram os piores desempenhos no ranking nutricional, como também apareceram em 13% da ingestão calórica média diária. “O Heni médio dos sete ultraprocessados mais presentes foi de -16,61 minutos”, apontam os pesquisadores, reforçando a já conhecida associação entre produtos altamente industrializados e riscos à saúde.
Além dos biscoitos recheados, outros itens que mais roubaram tempo de vida foram carne suína (-36,09), margarina (-24,76), carne bovina (-21,86) e biscoitos salgados (-19,48). Já entre os alimentos que mais contribuíram para a longevidade saudável estavam a banana (+8,08 minutos) e o feijão (+6,53 minutos), além do já citado peixe.
SUSTENTABILIDADE E ALIMENTAÇÃO
O levantamento também considerou os impactos ecológicos da produção alimentar, analisando emissão de gases de efeito estufa e o uso de água. A carne bovina, por exemplo, teve um dos piores desempenhos ambientais, com emissões de até 21,3 kg de CO₂ equivalente por porção. A pizza de muçarela, por sua vez, consumiu 306,1 litros de água por unidade, liderando em desperdício hídrico.
Por outro lado, o feijão destacou-se como uma alternativa promissora: com alto valor nutricional, baixa emissão de carbono e uso reduzido de água, ele se consolidou como um símbolo de saúde e sustentabilidade.
ESCOLHAS ALIMENTARES
Os dados revelam que, embora alimentos como arroz, feijão, carne e frutas - considerados in natura - ainda dominem a mesa brasileira, há espaço para reavaliações urgentes nas recomendações alimentares. Para os autores do estudo, "ao destacar os minutos de vida associados a cada alimento, o estudo aproxima o impacto das escolhas alimentares da realidade cotidiana".
A pesquisa propõe que esses indicadores possam guiar políticas públicas e fomentar uma nova abordagem alimentar que integre saúde, cultura e responsabilidade ambiental - transformando cada refeição em uma escolha consciente para o futuro.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar