
A trágica morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, após quatro dias isolada em uma encosta do Monte Rinjani, na Indonésia, reacendeu discussões sobre os limites do corpo humano diante de situações extremas. Sem água, sem comida e exposta às severas condições climáticas da região, Juliana foi encontrada morta na terça-feira (24), após busca das autoridades locais.
Apesar de ainda não haver confirmação oficial sobre a causa da morte, especialistas apontam que a jovem enfrentou um cenário de privação absoluta, o que inclui risco de desidratação severa, hipotermia e os efeitos da altitude.
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A água, mais do que o alimento, é essencial para a sobrevivência. Segundo pesquisas observacionais com sobreviventes de situações extremas, uma pessoa pode resistir até quatro dias sem ingerir líquidos. Passado esse limite, os riscos aumentam drasticamente: tontura, confusão mental, falência de órgãos — especialmente do fígado — e, por fim, a morte. Um experimento realizado em 1994 com cientistas que ingeriam apenas alimentos secos indicou que a resistência humana sem hidratação dificilmente passa de 96 horas.
Já em relação à alimentação, o corpo pode suportar períodos mais longos. Existem registros de greves de fome em que pessoas sobreviveram por até 38 dias sem comida, dependendo da composição corporal e das reservas de gordura. O organismo entra em cetose, processo pelo qual transforma gordura em energia. No entanto, nada no metabolismo é capaz de substituir ou compensar a ausência de água.
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A altitude foi outro fator crítico. O Monte Rinjani, com mais de 3.700 metros de altura, apresenta ar rarefeito e temperaturas que caem drasticamente à noite. Isso contribui para um quadro de hipotermia, especialmente em quem está imóvel e desprotegido, como no caso de Juliana. Em situações como essa, o corpo perde calor mais rápido do que consegue produzir, o que pode ser fatal.
Além disso, a chamada “doença da altitude” também pode ter afetado a brasileira. A condição é comum em grandes altitudes e se manifesta por meio de tonturas, fadiga, náuseas e dificuldades respiratórias — sintomas que comprometem a capacidade de locomoção e reação da vítima.
Juliana estava viajando sozinha pela Ásia desde fevereiro deste ano e já havia passado por países como Vietnã, Tailândia e Filipinas. Publicitária, dançarina e artista performática, ela compartilhava sua jornada pelas redes sociais e havia escolhido o Monte Rinjani para uma das trilhas mais desafiadoras da viagem.
O caso gerou comoção nas redes sociais e mobilizou autoridades brasileiras e indonésias. A história de Juliana é, também, um alerta sobre os perigos das trilhas em ambientes hostis e os desafios da sobrevivência humana quando a natureza impõe seus limites.
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