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EFEITO COLATERAL

"Vulva de Ozempic": o efeito que preocupa a saúde da mulher

Entenda o fenômeno da 'vulva de Ozempic': impactos da perda de peso rápida na saúde e autoestima feminina, com orientações de especialistas.

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Imagem ilustrativa da notícia "Vulva de Ozempic": o efeito que preocupa a saúde da mulher camera iStock

O termo "vulva de Ozempic" pode, à primeira vista, soar como uma brincadeira, mas a mudança causada pela perda de peso abrupta tem levado um número crescente de mulheres a se confrontarem com estranhamento diante do espelho. Após fenômenos estéticos como o "rosto de Ozempic" e o "braço de Ozempic," agora é a região íntima que se soma à lista de partes do corpo afetadas pela perda acelerada de gordura, frequentemente resultante do uso de canetas emagrecedoras baseadas em semaglutida — substância originalmente criada para tratar diabetes tipo 2, mas popularizada por seu efeito emagrecedor.

Nas redes sociais, o termo é utilizado para descrever alterações na aparência e saúde da vulva, como flacidez, perda de volume e irritações, relatadas por usuárias após o emagrecimento rápido induzido por medicamentos. Embora o termo não seja um diagnóstico médico reconhecido, o fenômeno reacende o debate sobre os impactos físicos e psicológicos de uma transformação corporal súbita, envolvendo não apenas a estética, mas também o bem-estar, com relatos de desconforto ao se movimentar, mudanças na sensibilidade e impactos na autoestima.

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Médicos e cirurgiões plásticos têm recebido um número crescente de pacientes preocupadas com essas alterações, buscando, em alguns casos, procedimentos para "reconstruir" o que foi perdido com o peso.

Causas e Consequências Funcionais

A ginecologista Lorena Porto, que coordena o ambulatório da saúde da mulher do Hupes-UFBA/Ebserh, explica que o fenômeno é uma consequência direta da perda de peso rápida e acentuada.

Porto detalhou: “É uma perda de peso abrupta. O corpo todo fica mais flácido, e a vulva também. A perda de gordura gera flacidez nos lábios externos e enfraquecimento dos músculos vaginais, com flacidez também. Essa diminuição de gordura envelhece a vulva, o que pode incomodar tanto esteticamente quanto, em alguns casos, funcionalmente”.

Além do desconforto com certas vestimentas, essa flacidez pode vir acompanhada de diminuição do colágeno e da força muscular dos tecidos de sustentação, podendo levar à secura na região. Essa secura pode causar ressecamento, dor, ardor, disúria (desconforto ao urinar) e dificuldade na relação sexual.

A ginecologista Ana Carolina Romanini, especialista pela Febrasgo, aponta que mulheres que emagrecem muito em pouco tempo, especialmente as que tinham maior acúmulo de gordura na região pubiana, tendem a notar mais essa mudança estética. Pacientes mais velhas, com menor elasticidade da pele, também ficam mais vulneráveis ao aspecto de flacidez. Quando a pele não possui boa produção de colágeno e elastina, ela não consegue se adaptar à redução de volume, resultando em flacidez e excesso de pele aparente.

Impacto Psicológico e Assoalho Pélvico

Embora as alterações não tragam riscos diretos à saúde, elas podem afetar a autoimagem e a vida sexual. A Dra. Porto salienta que o impacto psicológico é relevante.

Porto afirmou: “A sexualidade é multifatorial. A perda de autoestima em relação à aparência da vulva pode deixar a mulher envergonhada e comprometer seu desempenho. No entanto, o clitóris — que é o órgão do prazer — não sofre interferência direta”.

A fisioterapeuta pélvica Laura Barrios, por sua vez, explica que o emagrecimento rápido pode gerar reflexos na musculatura de sustentação dos órgãos pélvicos, caso não haja prática regular de exercícios. A perda de peso reduz a pressão sobre os órgãos pélvicos, mas a ausência de cuidados específicos pode levar à incontinência urinária ou ao prolapso de órgãos pélvicos.

Barrios recomenda que: “A fisioterapia pélvica pode utilizar recursos como biofeedback, eletroterapia e cones vaginais para melhora da força muscular”. Ela ainda sugere que o emagrecimento seja realizado com orientação de uma equipe multidisciplinar, incluindo médico, nutricionista, fisioterapeuta e educador físico.

Tratamento e Prevenção

Os sintomas devem ser tratados de forma individualizada. A ginecologista Lorena Porto lista algumas soluções:

Porto disse: “A secura pode se beneficiar do uso de hidratantes, lubrificantes ou estrogênio tópico. Tecnologias como laser e radiofrequência (como o Fraxx) também podem ajudar, assim como a fisioterapia pélvica e o uso de lubrificante durante o ato sexual”.

O preenchimento dos grandes lábios pode ser uma opção para restaurar o volume perdido em alguns casos. A médica acrescenta que o impacto é maior quanto maior for a perda de peso, e que, embora ainda não haja estudos específicos, essa é a observação na prática clínica. Emagrecer de forma mais lenta e gradual, em conjunto com a prática de atividade física, pode ajudar a minimizar esses efeitos, especialmente em mulheres jovens.

As mudanças na vulva são, na maioria dos casos, apenas estéticas. Contudo, as especialistas recomendam procurar avaliação médica se a mulher notar: desconforto local com roupas ou durante atividades físicas; dor, irritação ou atrito excessivo nos pequenos lábios; ressecamento vaginal com impacto na vida sexual; ou alterações de autoestima ou da vida sexual ligadas à aparência da região.

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