
Com o envelhecimento, é comum que o funcionamento do cérebro se torne mais lento, resultando em esquecimentos ocasionais, como não lembrar onde guardou as chaves ou o nome de alguém. Esses lapsos fazem parte do processo fisiológico natural e, geralmente, não comprometem a capacidade de manter uma vida autônoma e ativa.
No entanto, a perda de memória passa a ser preocupante quando começa a interferir diretamente na rotina e nas atividades cotidianas. Distinguir o que é um esquecimento benigno do que pode representar o início de um quadro de demência é fundamental para garantir um diagnóstico precoce, o que pode impactar positivamente na qualidade de vida e no tratamento.
A médica Uiara Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) no Paraná, explica que, embora algumas funções cognitivas diminuam com a idade, o cérebro continua apto a aprender. “O que declina é a velocidade de processamento e de raciocínio. Uma pessoa de 100 anos ainda pode aprender coisas novas, mas levará mais tempo do que aos 20 anos”, afirma.
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Segundo a médica Roberta França, especializada em longevidade, o que diferencia um esquecimento considerado normal de um indicativo de doença é a perda da capacidade executiva. “O que diferencia lapsos normais de um quadro preocupante é quando o idoso apresenta perda da capacidade executiva. Nesses casos, pode haver indicativo de demência”, diz.
Nos casos de demência, a perda de memória tende a ser constante e progressiva. Além disso, de acordo com a médica, ela pode vir acompanhada de desorientação, dificuldade para realizar tarefas simples e alterações de comportamento. Em muitos casos, a própria pessoa não percebe as falhas, o que torna fundamental a observação atenta da família e a avaliação médica especializada.
Sinais que podem indicar risco de demência:
- Repetição constante de perguntas ou histórias, mesmo após pouco tempo;
- Dificuldade em memorizar novas informações, apesar de lembretes;
- Desorientação no tempo e no espaço, como confundir datas ou se perder em locais familiares;
- Julgamento comprometido, resultando em decisões financeiras ou comportamentais inadequadas;
- Incapacidade de realizar tarefas rotineiras, como preparar refeições ou tomar medicamentos corretamente;
- Falta de percepção das próprias limitações (anosognosia), geralmente percebida por familiares;
- Mudanças de comportamento ou personalidade, como apatia, irritabilidade ou desinibição.
Identificação e fatores de risco
Para identificar corretamente se a perda de memória está relacionada a uma doença cognitiva, os médicos realizam uma avaliação detalhada, que inclui o histórico do paciente, entrevistas com familiares e testes específicos para medir as funções cognitivas.
A detecção precoce de sinais de declínio cognitivo pode fazer diferença no acompanhamento e tratamento. Intervenções médicas e terapias adequadas, iniciadas nos estágios iniciais da doença, têm potencial para desacelerar o avanço da demência e preservar a autonomia do paciente por mais tempo.
De acordo com o neurologista Marcos Alexandre, do Hospital Mater Dei, em Goiânia, os fatores que aumentam o risco de doenças relacionadas à memória podem ser divididos em dois grupos: os não modificáveis como idade, genética e histórico familiar e os modificáveis, que incluem condições como hipertensão, diabetes, sedentarismo, isolamento social, distúrbios do sono, alimentação inadequada e traumatismos cranianos.
Embora nem todos os fatores possam ser evitados, mudanças no estilo de vida podem ajudar significativamente a proteger a saúde do cérebro. Segundo especialista, a adoção de hábitos saudáveis é uma das formas mais eficazes de preservar as funções cognitivas e reduzir os riscos.
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Medidas eficazes para proteger a memória:
- Alimentação equilibrada, com frutas, peixes, oleaginosas e azeite de oliva;
- Evitar o consumo excessivo de ultraprocessados e açúcar;
- Manter o sono em dia, tratando distúrbios como apneia e insônia;
- Praticar exercícios físicos regularmente;
- Estimular o cérebro com atividades intelectuais e aprendizado contínuo;
- Manter convívio social e engajamento em tarefas significativas.
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