Uma ponte caindo aos pedaços é uma das poucas formas que os moradores das ruas 10 de Agosto e do Fio, no bairro Parque Verde, em Belém, têm de se locomover pelas redondezas. As casas precisam ter o piso levantado para tentar fugir dos alagamentos, o que nem sempre é o suficiente. O dilema da população é causado pela falta de saneamento básico e de um sistema de drenagem na região, o que impediria a enchente do canal com a água da chuva e do escoamento das partes mais altas das redondezas, principalmente dos condomínios Greenville I e Montenegro Boulevard.

“Estamos abandonados. Expostos a essa água suja e imunda”, critica Jair Lima, 33, um autônomo que mora há mais de cinco anos no perímetro. “Não temos mais dinheiro para ficar levantando nossas casas para fugir da água, precisamos de providencias”, apela.

Apesar da calçada alta e do piso aterrado de alguns cômodos, certas partes da casa de Jair ainda sofrem com os alagamentos, atrapalhando sua rotina e pondo seus móveis e eletrodomésticos em risco.

No quintal da dona de casa Elizangela Ferreira, 37, um pátio de dois metros de altura foi levantado, mas, mesmo assim, é muitas vezes ultrapassado pela enchente. “A minha geladeira já enferrujou, meu sofá já estragou, até um guarda-roupa eu já perdi por causa disso”, relata a moradora. O alagamento fica tão alto, que as crianças da área brincam mergulhando e nadando na enchente como se estivessem em um igarapé, correndo risco de contrair doenças e infecções.

“Acabei de colocar o pé na água, para sair de casa, e minha perna já está coçando”, denuncia a estudante Maria das Neves, 36, que mora há mais de 20 anos no perímetro com seu marido e filhos. “A gente quer uma solução. Que as autoridades olhem para a gente e façam algo”, demanda a moradora.

A comunidade já fez um ato de protesto exigindo intervenções da Prefeitura de Belém na última quinta-feira (13), em que fecharam a rodovia Augusto Montenegro, mas eles não obtiveram nenhum posicionamento do órgão. Segundo Jair, se eles continuarem sem resposta, devem voltar a se manifestar.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)

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