No mundo, existem 322 milhões de pessoas com depressão. Destas, 11,5 milhões estão no Brasil, o 5º país com maior incidência da doença no globo e o 1º da América Latina.

Os dados são da Organização Mundial de Saúde, que fez um alerta em seu último relatório: os números aumentaram em 18% entre 2005 e 2015. Mas a realidade pode ser ainda muito pior, segundo o psiquiatra André Motta. “A maioria dos casos não chega a ser diagnosticada”, aponta o especialista.

O tema foi um dos mais discutidos nas redes sociais nas últimas semanas, depois da estreia do seriado estadunidense “13 Reasons Why”, da Netflix, uma popular plataforma de TV por streaming.

A trama, que gira em torno do suicídio de uma adolescente vítima de bullying e assédio sexual e o impacto do ato em seus familiares e amigos, conscientiza o espectador sobre os riscos da doença e o aconselha a atentar aos sinais apresentados por quem pode estar passando pelo problema.

A preocupação se mostra pertinente, tendo em vista que a depressão é a 4ª doença mais incidente no país, segundo a Sociedade Beneficente Brasileira Albert Einstein.

André Motta adianta que depressão é diferente de tristeza e ansiedade. Enquanto que as duas últimas são emoções humanas comuns, experimentadas por todos em momentos passageiros sem apresentar prejuízos à saúde, a depressão é um problema sério e prolongado. Ela é uma síndrome com um conjunto de sintomas que afetam diretamente a vida pessoal e profissional do paciente e precisa ser tratada, sob o risco de levar ao suicídio.

“Ficar atento a mudanças intensas de comportamento dos seus familiares e amigos é de grande importância”, aconselha o psiquiatra. “Alteração do sono, da alimentação, isolamento, falar pouco, falar baixo, são alguns dos sinais que podem indicar um caso de depressão”, explica.

Segundo o médico, ao perceber que um conhecido está passando pelo problema, o indicado é orientá-lo a procurar ajudar com um profissional, como um psicólogo ou psiquiatra. “Não se deve, de forma alguma, tratar o caso como bobagem ou fraqueza”, acrescenta.



CAUSAS

A doença é multifatorial e pode ter origem tanto genética – pessoas com familiares de primeiro grau com depressão tem um risco de duas a quatro vezes maior de desenvolvê-la – ou ambiental, fatores externos como traumas, perdas, ou eventos estressores.

O tratamento pode ser desde apenas o acompanhamento terapêutico até a prescrição de medicamentos antidepressivos, dependendo do grau de depressão. Quando o paciente consegue levar sua vida normalmente, apesar dos sintomas, a depressão é considerada leve.

Se há prejuízos ao seu desempenho profissional e social, ela é moderada. A depressão é definida como grave quando há ocorrência de pensamentos suicidas e surtos psicóticos como alucinações visuais e auditivas.

Outro aspecto comum é a união da depressão com outros transtornos psicológicos. “Mais de 50% dos casos de depressão estão combinados com transtorno de ansiedade”, relata o médico. O transtorno é caracterizado por uma ansiedade intensa e generalizada, por mais de 6 meses, incluindo fadiga, insônia e vários outros sintomas em comum com a depressão.

“Também há casos de depressão com transtorno bipolar, em que o paciente tem episódios alternados de euforia e desânimo”, acrescenta. Para André, diagnosticar esses casos especiais é fundamental pois requerem tratamentos diferenciados.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)

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