O professor de economia da UFPA José do Egypto Soares Filho chama a atenção, também, para o elevado índice de mortalidade das pequenas e médias empresas no Brasil, o que é um fenômeno muito conhecido no mundo dos negócios e no meio acadêmico. Com a ressalva de não ter os números de cabeça e nem ter às mãos informações atualizadas sobre o assunto, José do Egypto observou que esse problema está registrado em estudos realizados pelo próprio Sebrae Nacional.
Até pouco tempo atrás, conforme frisou, as estatísticas sobre o Brasil apontavam que, entre o primeiro e o segundo ano de vida das médias e pequenas abertas no país, morriam em torno de 80% nos dois primeiros anos, 60% das quais já no primeiro ano. Esses números, segundo ele, são resultado da histórica falta de política pública no Brasil para as pequenas empresas, uma situação que só agora começa a mudar.
SEM AJUSTES
Ao falar em mudanças, José do Egypto faz referência a medidas que têm sido adotadas pela União e pelo Congresso Nacional. Incluem-se, entre elas, as que ampliam os segmentos amparados pelo enquadramento no Simples Nacional e a universalização do acesso ao regime diferenciado de tributação para micro e pequenas empresas, permitindo a adesão de numerosas categorias profissionais e diferentes setores de atividade econômica que até hoje são excluídos dos benefícios proporcionados pelo Simples.
No caso específico do Pará, segundo o economista e consultor, a situação é particularmente grave porque o Estado tem se negado sistematicamente a fazer pelo menos os ajustes necessários para corrigir a defasagem monetária de enquadramento das empresas no Simples, mantendo inalterado há quase oito anos o sublimite de R$ 1,8 milhão, hoje o menor do país.
ATENÇÃO TARDIA
Mas não é só isso. José do Egypto destaca ainda que o Pará não tem uma política de atração de investimentos e muito menos de apoio às empresas sobreviventes dos chamados setores tradicionais. “Essa desatenção é ainda mais grave em relação às médias e pequenas empresas, que são, estas sim, verdadeiras órfãs do Estado”, acrescentou.
No seu entender, são portanto múltiplos os fatores que contribuem para a fragilização e o consequente fechamento das empresas no Pará, sobretudo dos negócios de pequeno e médio porte. “Há na verdade uma perversa conjunção de fatores conspirando contra as nossas empresas. Aqui, o problema se complica porque o Pará não conta com planejamento estratégico, algo que o Ceará, por exemplo, tem há mais de vinte anos e de que por aqui só agora, e tardiamente, começa a se falar”.
(Diário do Pará)
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