Haja nostalgia de Belém. Eles eram sensação nos anos 1980 e 90 com enorme importância cultural, e porque não dizer etílica, e dadas as proporções, até econômica e social. Os Grandes Festivais de Chopp agitavam as festas na Cidade das Mangueiras e até hoje estão na memória e nas estantes de quem participou daqueles eventos memoráveis.
Quem tem uma avó, um tio, um conhecido que valorize suas lembranças já deve ter avistado uma caneca de porcelana ocupando o lugar de um bibelô em algum móvel da casa e se chegou mais perto, leu que o objeto se trata de uma relíquia advinda de um dos grandes festivais de chopp de Belém que eram muitos e movimentavam clubes e sedes sociais nas últimas décadas do século passado.
Para entender a metodologia é simples: os festivais de chopp eram realizados com o objetivo de angariar fundos para uma escola de samba, um grupo folclórico e até para uma "caixinha" entre amigos ou colegas de trabalho.
Quem comprasse o cartão tinha direito a caneca que poderia levar para casa no final, mas durante a festa, geralmente realizadas durante os dias de domingo, beber doses de chopp, bebida semelhante à cerveja armazenado em espécies de barris.
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DETALHES EM PORCELANA
A beleza das canecas sempre bem trabalhadas em detalhes de porcelana de boa qualidade podiam durar anos e ter diversas finalidades que iam de guardar mantimentos a ajudar na decoração da casa.
Como é o caso da professora aposentada Carmem Marluce, de 70 anos. Nascida e criada no bairro do Jurunas, em Belém, ela tem um apego particular pelas muitas que ainda guarda.
"Na escola em que eu trabalhava sempre realizávamos os festivais que ajudavam a termos um bom lucro no final do ano", conta ela.
Seja das festas que organizou ou das que participou, Carmem sempre fez questão de guardar os recipientes que já foram contemplados pelos filhos e agora pelos netos.
"Eu participei dos festivais da escola de samba Rancho Não Posso me Amofiná, dos da sede do São Domingos e de homenagens como um aniversário, por exemplo, e o que sempre me chamava a atenção era a beleza que os artesãos davam para cada uma delas", comentou.
ARTESANATO 3D
De fato, a criatividade é de chamar atenção. Em alto relevo e com cores diversas, a riqueza dos detalhes não deixa a dever em nada às grandes e modernas impressoras 3D atuais.
A elaboração das canecas ocorreram a cerca de 40 anos quando nem se pensava nessa tecnologia.
Do tesouro guardado pela professora, a reportagem encontrou quatro que sustentam o argumento. Tratam-se de uma caneca em formato de gavião real, parte do enredo do Rancho em 1980 que cantou o Museu Paraense Emílio Goeldi; outra em forma de robô, com o braço servindo de orelha; uma terceira que traz uma sereia sentada em frente ao mar e a quarta com o rosto da xará Carmem Miranda.
VEJA!
TINHA TAMBÉM FEIJOADA
A aposentada Maria Emília Gomes da Silva, de 80 anos, também trata suas mais de 50 canecas de festivais de chopp como uma relíquia. Ela e seu esposo, Daniel Vieira, viveram bons momentos juntos nos festivais por toda Grande Belém.
"Onde tinha um festival e uma caneca bonita a gente ia atrás. Muitas vezes além dos tickets do chopp, que geralmente eram 3, vinha também um ticket de feijoada. Ai a felicidade era completa. mas o que a gente gostava mesmo era de ver o estilo e charme das canecas", argumenta Maria Emilia.
Dona Maria Emília também tem a caneca em forma de Gavião do Rancho Não posso me Amofiná, mas também possui muitas outras, nos mais variados formatos, como a de palhaço; de bota; de escultura indígena; de livro; e até de uma mulher de topless, modinha no final dos anos 80 no Brasil.
Confira!
"Tempos bons que não voltam mais. Pena que hoje é muito difícil encontrar festivais. Foi um tempo que nos deixa com muita saudade, quando as famílias se divertiam sem medo de violência. Andamos Belém toda nos festivais. Tempos bons. tempos bons...", diz, saudosa, Maria Emilia.
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