Ao se aproximar da margem de destino, a proa do popopô indica a direção rumo ao cenário paradisíaco marcado pela calmaria. Vencidos apenas sete minutos de travessia pelo Rio Arapepó, no município de Salinópolis, o que se encontra ao chegar à chamada Ponta do Espadarte é uma opção de lazer diferente de qualquer cenário de agitação normalmente associado a um final de semana de julho nas praias de Salinas.
Apesar de velho conhecido dos veranistas paraenses, o destino guarda cenários ainda pouco conhecidos, mas que a cada dia mais caem no gosto de quem se desloca para o nordeste do estado em busca de relaxamento em meio ao contato com a natureza.
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A ponta de areia formada em meio às águas de tom levemente esverdeado marca o local exato do encontro entre o Rio Arapepó e o mar do oceano Atlântico. De um lado, o mergulho é embalado pela calmaria do rio, já do outro lado da extensão de areia, após alguns poucos passos, é possível se banhar nas ondas agitadas do mar. A vista que embala o banho também não poderia ser melhor: vê-se toda a beleza da cidade de Salinópolis, incluindo o famoso e histórico Farol pintado de vermelho.
Se até pouco tempo atrás o local era mais conhecido entre os moradores de Salinas, de dois anos para cá a praia da Ponta do Espadarte tem ganhado cada vez mais adeptos. Um dos barqueiros que fazem a travessia da Praça do Pescador até a praia, Jailson Souza Correia, 39 anos, não poupa elogios ao descrever os atrativos do local. Ele conta que não é incomum que veranistas se apaixonem pela praia após a primeira visita, tornando-se frequentadores assíduos.
“O pôr-do-sol daqui é especial, não tem lugar melhor. Na praia tem três estruturas de restaurante e é uma opção muito tranquila para as famílias que preferem um passeio mais calmo, sem poluição sonora. Eu conheço famílias que vieram aqui pela primeira vez e viraram fãs mesmo”, descreve. “Esse movimento começou a aumentar tem uns dois anos. Antes só dava gente na alta temporada, agora tem o tempo todo. Tem até mesmo filhos de Salinas que nunca tinham pisado aqui”.
Quem decide reservar um dia para variar a rotina mais conhecida de passeios em Salinas – que inclui a ida à Praia do Atalaia pela manhã e à orla do Maçarico à noite – encontra como trilha sonora apenas o barulho relaxante do mar. Com sorte, nos finais de tarde, ainda pode ser premiado com a vista do deslocamento das garças e guarás em meio ao céu dourado pelo pôr-do-sol.
Em meio a cidade agitada pelo segundo domingo de julho deste ano, o servidor público municipal Guilherme Lima, 54 anos, encontrou na Ponta do Espadarte a calmaria que não imaginava vivenciar em Salinas em plenas férias. “É a minha primeira vez aqui e estou achando fantástico! Eu achei um paraíso”, descreveu, ao destacar a ausência de carros na areia da praia ou de música alta.
“Ontem (sábado) à tarde eu fui para a Praia do Atalaia com a minha filha e ela encontrou uma amiga da faculdade que trabalha aqui em Salinas e que comentou que tinha essa travessia para a Ponta do Espadarte. Nós resolvemos conhecer e, com uma travessia de tão fácil acesso, nós achamos uma opção fantástica para quem quer relaxar mesmo”.
O desconhecimento sobre a estrutura disponível para a travessia e mesmo na praia ainda é uma dúvida frequente entre os que ouvem falar na Ponta do Espadarte. Situações como esta foram exatamente o que levaram Wanderson José Cunha Ramos, 28, a criar um perfil no Instagram para gerar conteúdos e informar sobre os atrativos da cidade em que mora, o Guia Salinópolis.
“Muita gente acha que a Ponta do Espadarte é deserta, que é complicado de chegar, que não tem estrutura. Mas quando eles chegam aqui percebem que não precisa vir com nada porque tem uma travessia organizada e constante, tem estrutura de restaurantes e as pessoas não sabem disso”.
Nascido em Salinópolis, Wanderson lembra que durante algum tempo de sua vida também chegou a acreditar que o grande atrativo de Salinas estava restrito à Praia do Atalaia, porém, depois de morar um período em Belém para cursar o ensino médio e de retornar para Salinas, ele passou a se incomodar com essa ideia e tomou a iniciativa de mostrar que a cidade também tem outros atrativos.
“Tem cinco anos que voltei para Salinas e há dois anos eu criei a página. Porém, foi apenas a partir de agosto do ano passado que eu comecei a produzir conteúdo de forma mais ativa por entender que nesse momento da pandemia muita gente se viu um pouco perdida e quando as pessoas pensavam em Salinas só pensavam no Atalaia e logo vinha a ideia de aglomeração, mas Salinas não é só o Atalaia”, considera. “Eu queria ajudar as pessoas a despertarem para outros lugares que Salinas tem, para que as pessoas parem de dizer que Salinas só tem a Praia do Atalaia”.
Wanderson conta que também costuma falar do Atalaia na página, mas, como a praia já tem a sua história e o seu reconhecimento bastante consolidado, busca sempre abordar aspectos ainda pouco conhecidos do local e também não abre mão de falar sobre os outros atrativos da cidade, que vão desde um local legal para tomar um café à tarde, até a Ponta do Espadarte, que tem ganhado bastante atenção nos últimos meses, sobretudo depois que influenciadoras visitaram e divulgaram fotos no local. “Salinas tem pessoas, tem uma cultura local, então são muitos atrativos a conhecer".
Como chegar
- A travessia para a praia da Ponta do Espadarte tem início na Praça do Pescador, na avenida Atlântica, na região central de Salinópolis.
- Na rampa que dá acesso ao rio fica uma estrutura e o portal mantidos pela Associação dos Canoeiros da Praça do Pescador. Ao todo, a associação conta com 18 associados que realizam a travessia dos passageiros em embarcações conhecidas dos paraenses, os popopôs. As embarcações contam com coletes salva-vidas, são conduzidas por barqueiros habilitados e são vistoriadas pela Marinha.
- As travessias ocorrem de segunda a segunda, de 8h às 18h, a um custo de R$10 (ida e volta) por pessoa. Os barqueiros saem da rampa da Praça do Pescador e atravessam o Rio Arapepó até a faixa de areia da Ponta do Espadarte, onde os passageiros podem descer para aproveitar a praia e os restaurantes. O tempo de travessia de barco é de cerca de 7 minutos.
- Como as travessias ocorrem constantemente no período de 8h às 18h, quando os banhistas quiserem retornar à Praça do Pescador, basta pegar um dos barcos que estão retornando e entregar o bilhete comprado no início da viagem ao barqueiro. Quem preferir, também pode combinar um horário ou anotar o telefone para ligar na hora que quiser voltar.
- Quem preferir fazer um passeio mais longo, há a opção do passeio pelo furo do Rio Arapepó. A saída é da rampa da Praça do Pescador nas mesmas embarcações que fazem a travessia para a Ponta do Espadarte. No passeio é possível percorrer parte do rio e apreciar a vista de Salinópolis, além de se encantar com a área de mangue. Com sorte, ainda é possível acompanhar o voo dos guarás que se abrigam nas raízes do manguezal. Finalizado o passeio, que dura cerca de 1h, há duas opções: é possível retornar para a Praça do Pescador ou descer na Ponta do Espadarte e ficar para aproveitar o local, retornando depois, quando preferir, na travessia direta. O passeio pelo Rio Arapepó tem o custo de R$90 para um grupo de 6 pessoas.
- Quem quiser agendar um passeio ou obter maiores informações sobre as travessias, pode entrar em contato com a associação: (91) 98969-8365/ (91) 98346-0038.
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