A celebração de Cosme e Damião, considerados santos protetores das crianças, ocorre em dois dias do ano. Na igreja católica, as homenagens ocorrem no dia 26 de setembro, enquanto que nas religiões de matriz africana a celebração é todo o dia 27, em referência à festa dos erês. As comemorações aparentemente têm perdido fôlego com o passar dos anos, mas ainda há muitos devotos que resistem para que esta tradição não seja esquecida.
No Templo de Mina Nagô de Ogum, dirigido por Mãe Edna de Ogum e Pai Marcelo de Oxóssi, o final de semana foi dedicado para a preparação dos doces que serão distribuídos às crianças nesta segunda-feira. O templo funciona há 31 anos na rua da Olaria, no bairro do Guamá, e persiste para manter a tradição. “A distribuição dos doces será feita seguindo todos os protocolos de segurança, assim como ocorreu no ano passado. Vamos estar todos de máscara, utilizando álcool em gel e entregando os doces na mão de cada criança, para que não haja aglomeração”, disse Pai Marcelo.
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Ele conta que nos últimos anos tem percebido uma redução significativa no número de crianças que se reúnem para receber os brindes. “Infelizmente essa tradição tem sofrido com a intolerância de algumas pessoas, mas a gente resiste, pois o que queremos mostrar é que esse costume tão bonito não é para desejar o mal para ninguém, ela tem a ver com gratidão, é uma forma de retornar tudo de bom que conquistamos pela graça de Deus e de nossos guias”, diz.
COMUNIDADE
Na avenida Conselheiro Furtado, também no bairro do Guamá, a cozinheira Nayara Rocha preparava uma programação diferenciada. Ela conta que há quatro anos distribuía doces às crianças da rua em que morava, mas que conversou com a esposa, Josiane Nóbrega, para que ambas ajudassem uma comunidade carente. “A gente se preparou para fazer uma coisa simples mesmo, contamos com a ajuda de alguns amigos, que além dos doces, também ajudaram com lanches. Acho importante manter a tradição. Nós estamos tão envolvidos com a evolução tecnológica, que acabamos esquecendo alguns costumes antigos e também de passar esses ensinamentos para as novas gerações, fora quando os festejos não esbarram no preconceito de algumas pessoas. Hoje em dia a gente quase não vê esse tipo de movimentação. O que é bem triste”, comenta.
A história dos irmãos gêmeos Cosme e Damião remonta os primórdios da igreja católica. Eles nasceram na região da Ásia Menor, que corresponde à atual cidade de Egéia, na Síria, por volta do século III teriam sido médicos que exerciam a profissão de forma voluntária, não aceitando nenhum pagamento. Por serem cristãos, em uma época em que o Império Romano não aceitava o cristianismo, foram perseguidos e mortos por volta do início do século IV. O martírio, além da vida exemplar, foi o que os tornou santos.
Já no Brasil, durante a era da escravatura, os escravos africanos, pensando em uma maneira de poder cultuar seus deuses e orixás, sem serem punidos, criaram uma maneira inteligente de enganar os senhores de engenho, que era invocar seus deuses com o nome dos santos católicos. Assim, São Cosme e Damião foram classificados como Ibejis ou Erês, divindades gêmeas e infantis, em um sincretismo religioso.
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