No mundo, a quantidade de pessoas que vivem com membros superiores ou inferiores ou parte deles amputados é incerta. Uma estimativa divulgada em 2022 apontava que, a cada hora, três pessoas tinham um pé ou a perna amputada no Brasil. Isso singnifica dizer que o número de pessoas que sofreram algo deste tipo pode ser maior do que se imagina.
A ciência tem avançado para tentar mitigar os danos que uma amputação pode causar na vida humana. E um destes esforços foi o desenvolvimento de um membro biônico utilizado por uma mulher austaliana de 50 anos, identificada apenas como Karin.
Ela teve o antebraço direito amputado há 20 anos, após um acidente com uma máquina agrícola. Desde então, ela convivia com o "dores fantasmas", que são sensações conflituosas geradas psicologicamente no local onde estava o membro que foi amputado.
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Uma equipe de cientistas tomou conhecimento do caso de Karin e, por esta razão, a convidaram a fazer parte do desenvolvimento do braço biônico inovador. Desde então, ela se tornou a primeira mulher a receber um membro biônico que realiza movimentos e identifica os impulsos e comandos cerebrais da portadora.
Vídeos divulgados pelos pesquisadores do Bionics Institute, na Austrália, mostram a mulher realizando vários movimentos com o braço biônico, desenvolvido pela equipe do professor Max Ortiz Catalan, chefe de pesquisa em próteses neurais da instituição.
"A integração biológica de implantes de titânio no tecido ósseo cria oportunidades para avançar ainda mais no cuidado dos amputados. Ao combinar a osseointegração com cirurgia reconstrutiva, eletrodos implantados e IA, podemos restaurar a função humana de uma forma sem precedentes”, explica Rickard Brånemark, pesquisador afiliado do MIT.
"DOR FANTASMA"
Uma das principais queixas de Karin eram as "dores fantasmas", que se manifestam quando o paciente tem absoluta certeza que aquele membro amputado provoca a sensação de queimação, formigamento, pontadas e até mesmo cócegas. Essa condição costuma ser frequente em pessoas que passaram por amputação.
A "dor fantasma" pode se manifestar depois de um tempo após a amputação, na forma de um formigamento, dor aguda, pungente, latejante, intensa e até mesmo uma sensação de queimação no local onde o membro ficava.
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“Parecia que eu estava constantemente com a mão em um moedor de carne, o que criava um alto nível de estresse e eu tinha que tomar altas doses de vários analgésicos”, relembra a mulher.
Karin até tentou usar próteses convencionais, mas tinha muita dificuldade. Agora, com o membro biônico, ela tem uma nova qualidade de vida. Segundo a pesquisa, a mulher consegue realizar mais de 80% de atividades da vida diária normalmente.
“A nossa abordagem cirúrgica e de engenharia integrada também explica a redução da dor, uma vez que Karin está agora a utilizar os mesmos recursos neurais para controlar a prótese que utilizou para sua mão biológica perdida”, alega Max.
CONTROLE DA PRÓTESE
O dispositivo usado por Karin está com ela há três anos e combina três diferentes técnicas: a osseointegração com cirurgia reconstrutiva, eletrodos e inteligência artificial.
“Karin foi a primeira pessoa com amputação abaixo do cotovelo a receber este novo conceito de mão biônica altamente integrada que pode ser usada de forma independente e confiável na vida diária”, destaca o professor.
A equipe envolvida no desenvolvimento do membro é formada por engenheiros e cirurgiões. O chefe da pesquisa está bastante otimista.
“O fato de ela ter sido capaz de usar sua prótese de maneira confortável e eficaz nas atividades diárias durante anos é um testemunho promissor das capacidades potenciais de mudança de vida desta nova tecnologia”, diz.
IMPLANTE
Todos os nervos e músculos do membro residual de Karin foram reorganizados para fornecer o máximo possível de informações de controle motor à prótese.
Os desafios neste nível de amputação são específicos. Os dois ossos, rádio e ulna, devem estar alinhados e carregados igualmente, não havendo muito espaço disponível para componentes implantados.
A adaptação veio com um implante neuromusculoesquelético, que permite ligar o sistema nervoso de Karin ao sistema eletrônico da prótese. Veja como é feito:
MUDANÇA DE VIDA
Segundo o doutor Francesco Clemente, diretor-geral da Prensilia, Karin hoje é outra pessoa. “A aceitação da prótese é fundamental para o seu uso bem-sucedido”, conta.
Karin disse que pesquisa mudou de vez sua vida. “Para mim, isto significou muito. Me proporciona uma vida bem melhor”, afirma a mulher.
Ela ainda acrescenta que as atividades diárias se tornaram bem mais fáceis de serem realizadas. “Eu tenho um melhor controle sobre a prótese, mas acima de tudo, as minhas dores diminuíram. Hoje, preciso de muito menos medicação”.
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