Sabe aquele produto que parece gostoso ou que faz bem, criado como alternativa para outro produto que comprovadamente faz mal, mas que faz tão mal quanto? É nesse contexto que se encaixa o cigarro eletrônico, mais conhecido como vape, que surgiu no início dos anos 2000. A afirmação foi feita pelo periódico Tobacco Control, que por meio de um estudo apontou preocupações significativas sobre os riscos associados ao seu uso, especialmente entre os adolescentes.
De acordo com o estudo, o uso frequente de cigarros eletrônicos por adolescentes pode aumentar o risco de exposição a metais como chumbo e urânio, potencialmente afetando o desenvolvimento do cérebro e outros órgãos. Isso é preocupante porque a absorção desses metais prejudica o desenvolvimento dos adolescentes, uma vez que podem gerar deficiências cognitivas, distúrbios comportamentais, complicações respiratórias, câncer e doenças cardiovasculares.
Por conta disso, os pesquisadores tentaram descobrir se uma maior frequência de uso de cigarro eletrônico estaria ligada a maiores níveis de metais tóxicos. Então, eles realizaram o estudo com 200 participantes com idade média de 15 anos, que tiveram a urina testada para detectar a presença de cádmio, chumbo e urânio.
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Dos 200 participantes, 65 relataram uso ocasional, 45 foram classificados como intermitente e 81 como uso frequente. A análise das amostras de urina mostrou que usuários intermediários tinham níveis de chumbo 40% mais altos do que os fumantes ocasionais, enquanto os frequentes tinham níveis 30% mais altos. Essa discrepância era ainda maior para os níveis de urânio: foram duas vezes mais altos para fumantes frequentes do que para os ocasionais.
Além disso, os pesquisadores descobriram que os vapes com sabores doces, como chocolates e algodão doce, estavam associados a níveis ainda mais elevados de urânio. Eles sugerem que o sabor doce desses produtos pode mascarar os efeitos adversos da nicotina, levando a um maior uso e potencialmente mais dependência.
Essas descobertas ressaltam a necessidade de mais pesquisas, regulamentações mais rígidas e intervenções de saúde pública direcionadas para mitigar os danos potenciais do uso de cigarros eletrônicos, especialmente entre os adolescentes.
No Brasil, onde aproximadamente quatro milhões de pessoas já experimentaram algum tipo de cigarro eletrônico, os números entre os jovens são alarmantes: 25% dos jovens de 18 a 24 anos já experimentaram cigarro eletrônico. Esse percentual supera dos que fumam cigarros convencionais regularmente, segundo estudo da edição 2023 da Covitel, relatório desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas. O número impressiona porque a venda do produto no país é proibida, mas o consumo ainda é permitido devido à falta de regulamentação específica sobre o assunto.
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