Fuga improvável: homem cruzou o mundo trancado em uma caixa

Em 1964, uma tentativa desesperada de voltar para casa transformou Brian Robson, com apenas 19 anos na época, em protagonista de uma das fugas mais improváveis e perigosas já registradas. O britânico havia se mudado para a Austrália por meio de um programa de imigração e enfrentou cinco dias trancado dentro de uma caixa de madeira, como se fosse uma encomenda comum enviada pelo correio.

Robson viajou ao país pela iniciativa do governo australiano, que bancava os custos da mudança em troca de dois anos de trabalho. No entanto, logo após chegar, ele foi tomado pela saudade de casa. Porém, o problema era que retornar ao Reino Unido custaria 17 vezes o valor do salário que recebia na época, segundo informações do site Gigazine.net.

Sem alternativas financeiras, Robson contou com a ajuda de dois amigos para colocar em prática um plano arriscado de despachar-se como carga aérea, dentro de uma caixa de madeira construída especialmente para isso. O compartimento foi projetado para que ele pudesse ficar sentado e levava, além dele, uma garrafa de água, outra vazia para urina, uma lanterna, um travesseiro, uma pequena mala e um martelo, que ele usaria para se libertar ao chegar em Londres.

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A previsão inicial era de que a viagem durasse 36 horas no total, com um voo direto de Melbourne para a capital britânica. No entanto, um erro logístico quase custou a vida Brian. Em vez de embarcar para o Reino Unido, a caixa foi enviada para os Estados Unidos.

A situação se agravou ainda mais durante a passagem por Los Angeles. Além disso, de acordo com informações divulgadas pela BBC, os funcionários do aeroporto não respeitaram as instruções coladas na caixa, que indicavam o lado correto da embalagem e Robson permaneceu de cabeça para baixo por cerca de 22 horas. Nesse período, chegou a desmaiar e enfrentou dores intensas. “Foi horrível. Eu estava ficando sem oxigênio e prestes a perder a consciência”, relatou ele, anos depois, ao relembrar a experiência.

Ao todo, foram cinco dias preso na caixa, enfrentando sede, imobilidade extrema e o risco de asfixia. Exausto e em estado físico e emocional crítico, Brian conseguiu usar a lanterna para chamar a atenção de um funcionário do aeroporto, que notou a luz passando por entre as frestas da madeira.

O resgate mobilizou de 20 a 30 agentes do FBI e da CIA, que interrogaram o jovem britânico após a descoberta. Apesar da operação clandestina, ele não foi denunciado pelas autoridades americanas e foi levado a um hospital, onde recebeu tratamento médico. Devido ao longo tempo na mesma posição, o corpo dele estava rígido e exigia cuidados.

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No entanto, o desfecho da história foi inesperadamente positivo. Robson retornou à Inglaterra em uma poltrona de primeira classe, cortesia de uma companhia aérea dos Estados Unidos. Mais de cinco décadas depois, já aos 76 anos, Brian Robson lançou o livro “A Fuga na Caixa”, publicado em 2021, onde narra com detalhes a aventura que quase custou a vida dele e que entrou para a história como um dos episódios mais curiosos e perigosos da aviação comercial.