
O que era para ser apenas uma vistoria de rotina após um incêndio na região norte do Mar da Galileia acabou se tornando uma descoberta com grande potencial histórico e religioso. Arqueólogos israelenses anunciaram ter encontrado evidências que podem confirmar a localização da antiga cidade de Betsaida, conhecida nos relatos bíblicos como a terra natal do apóstolo Pedro.
A escavação ocorreu em El-Araj e foi liderada pelo professor Mordechai Aviam, do Kinneret College, também diretor do Instituto de Arqueologia da Galileia. Segundo Aviam, o incêndio que atingiu a área acabou revelando um local arqueológico maior do que se esperava. “Identificamos vestígios de casas particulares e elementos arquitetônicos típicos de edifícios públicos”, afirmou. Entre os achados, estão capitéis coríntios e dóricos, além de tambores de pilares.
Os vestígios encontrados datam da mesma época em que, segundo os relatos bíblicos, viveram Jesus e os discípulos dele. A descoberta se alinha com os escritos do historiador judeu Flávio Josefo, que no século I d.C. descreveu Betsaida como uma vila que foi elevada à categoria de cidade por Filipe, filho de Herodes, o Grande. Essa associação histórica fortalece a hipótese de que El-Araj seja o local da antiga Betsaida.
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Inscrição grega reforça ligação com Pedro
Um dos achados mais impressionante da escavação foi uma inscrição em grego encontrada no local, que faz referência direta ao apóstolo Pedro. A dedicatória menciona o “Chefe e Líder dos Mensageiros Celestiais” e o “Guardião das Chaves”, títulos tradicionalmente atribuídos a Pedro no contexto cristão. A descoberta sugere que os primeiros cristãos que chegaram ao local identificaram a área como um local sagrado ligado à memória do apóstolo, o que motivou a construção de uma igreja sobre as ruínas.
Apesar da empolgação gerada pelo achado, Aviam adota uma postura cautelosa diante das evidências. “Não temos provas de que esta era a casa de Pedro”, afirmou o arqueólogo, destacando que a associação pode ter sido simbólica, baseada na tradição cristã da época. Ainda assim, ele considera significativa a escolha do local para a construção da igreja, indicando que os construtores acreditavam estar edificando sobre um espaço com importância religiosa histórica.
De acordo com os pesquisadores, a vila teria sido abandonada entre os séculos III e IV, provavelmente em decorrência de inundações causadas pela elevação do nível do lago. Nesse contexto, já durante o cristianismo primitivo, que a área voltou a ganhar importância simbólica, sendo identificada como Betsaida e reutilizada como local de culto.
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Aviam lembra que a arqueologia envolve desafios constantes. “A arqueologia é uma ciência da destruição”, diz, referindo-se à exposição de estruturas enterradas, que passam a correr risco de deterioração após serem desenterradas. No entanto, ele afirma que as evidências reunidas até agora são suficientes para confirmar a datação dos vestígios entre o século I a.C. e o século I d.C., o que coincide com o período de vida de Pedro.
A descoberta em El-Araj não apenas contribui para a compreensão do contexto histórico do cristianismo primitivo, como também reforça o papel da arqueologia na reinterpretação dos lugares mencionados nos textos religiosos. Se confirmada como a verdadeira Betsaida, a cidade às margens do Mar da Galileia poderá se consolidar como um importante ponto de peregrinação e estudo bíblico.
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