
Os microplásticos, partículas plásticas com tamanho entre 1 micrômetro e 5 milímetros, tornaram-se uma preocupação crescente em todo o mundo. Atualmente, estima-se que existam cerca de cinco trilhões de partículas de microplásticos flutuando em rios e oceanos, além de estarem presentes em diversos habitats naturais. Essa contaminação não se limita apenas ao meio ambiente, mas se estende a toda a cadeia alimentar, afetando organismos vivos e, consequentemente, a saúde humana.
A produção global de plástico ultrapassa 330 milhões de toneladas anualmente, e mais de 98% desse material é derivado de fontes fósseis. Com a crescente utilização de plásticos em nosso cotidiano, desde embalagens até utensílios domésticos, a quantidade de resíduos plásticos acumulados já chega a 4,9 bilhões de toneladas. Para 2050, as previsões indicam que esse número poderá aumentar para 12 bilhões de toneladas métricas. Essa realidade alarmante destaca a urgência de abordar a questão dos microplásticos e seus impactos.
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O que são microplásticos e nanoplásticos?
O termo “microplásticos” foi introduzido em 2004 por Richard Thompson e seus colaboradores, referindo-se a partículas plásticas que variam de 1 μm a 5 mm. Já os nanoplásticos, definidos pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, são partículas menores que 1 μm. Esses materiais são considerados poluentes emergentes, com potenciais riscos à saúde, pois podem ser absorvidos por organismos vivos e se acumular em cadeias alimentares.
As características dos microplásticos, como sua durabilidade e resistência à degradação, contribuem para sua persistência no meio ambiente. Eles podem ser originados de diversas fontes, incluindo a degradação de plásticos maiores, produtos de cuidados pessoais, fibras de roupas sintéticas e até mesmo de pneus de veículos. Essa diversidade de origens torna a contaminação por microplásticos um problema complexo e multifacetado.
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Impactos ambientais e na saúde humana
Os microplásticos não apenas poluem o meio ambiente, mas também representam riscos significativos à saúde humana. A exposição a essas partículas pode ocorrer de várias formas, incluindo a inalação de partículas presentes no ar, a ingestão de água e alimentos contaminados, e até mesmo a absorção pela pele. Estudos recentes indicam que os microplásticos podem atuar como vetores de substâncias tóxicas, potencializando seus efeitos nocivos.
Além disso, a toxicidade dos microplásticos ainda não foi totalmente compreendida, mas já se sabe que eles estão associados a diversas condições de saúde, como distúrbios no metabolismo lipídico, inflamações, desequilíbrio oxidativo, câncer e doenças cardíacas. A ingestão de peixes e frutos do mar contaminados é uma preocupação crescente, uma vez que esses alimentos são frequentemente consumidos por humanos e podem transferir a carga de microplásticos acumulada ao longo da cadeia alimentar.
Desafios na detecção e estudo dos nanoplásticos
Um dos principais desafios na pesquisa sobre microplásticos e nanoplásticos é a detecção e análise dessas partículas. Enquanto os microplásticos são relativamente mais fáceis de isolar e caracterizar, os nanoplásticos frequentemente ficam abaixo dos limites de detecção das técnicas convencionais. Isso resulta em uma sub-representação dos nanoplásticos na literatura científica, dificultando a compreensão de seus impactos.
Recentemente, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) publicou um artigo de revisão que analisou cerca de 140 estudos sobre o tema. As evidências sugerem que os nanoplásticos coexistem com os microplásticos em ambientes contaminados, podendo representar riscos ainda maiores devido ao seu tamanho reduzido e capacidade de penetração celular.
O papel da comissão minderoo-mônaco
Em resposta à crescente preocupação com a poluição por plásticos, a Comissão Minderoo-Mônaco foi criada para avaliar os impactos dos microplásticos e nanoplásticos na saúde humana e no meio ambiente. Durante o Fórum Econômico Mundial de 2022, 175 nações concordaram em estabelecer um acordo internacional juridicamente vinculante para eliminar a poluição por plásticos. Essa iniciativa é um passo importante para enfrentar os desafios impostos pelos microplásticos e promover a saúde pública.
As ações da Comissão Minderoo-Mônaco visam não apenas a redução da produção de plásticos, mas também a conscientização sobre os riscos associados ao seu uso e descarte inadequado. A educação e a pesquisa são fundamentais para entender melhor os efeitos dos microplásticos e desenvolver estratégias eficazes para mitigar sua presença no meio ambiente.
O que podemos fazer?
Para enfrentar o problema dos microplásticos, é essencial que todos nós adotemos práticas sustentáveis em nosso dia a dia. Algumas ações que podem ser implementadas incluem:
- Reduzir o uso de plásticos descartáveis, optando por alternativas reutilizáveis.
- Participar de programas de reciclagem e descarte adequado de resíduos plásticos.
- Contribuir para a limpeza de praias e ambientes naturais, ajudando a remover plásticos do meio ambiente.
- Promover a conscientização sobre os riscos dos microplásticos e a importância da preservação ambiental.
Além disso, apoiar políticas públicas que visem a redução da produção de plásticos e a promoção de alternativas sustentáveis é fundamental. A colaboração entre governos, empresas e cidadãos é crucial para enfrentar essa crise ambiental e proteger a saúde do planeta e das futuras gerações.
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