“A comida ganhará a guerra”, disse Herbert Hoover, o primeiro administrador e conselheiro de guerra da U.S. Food Administration (Administração de alimentos dos EUA) durante a Primeira Guerra Mundial. A sua frase ficou célebre e para compensar o esforço, suor e sangue dos soldados que dedicavam suas vidas em prol da nação, rapidamente o número de exportação de alimentos foi triplicado durante esse período.
Mais de 18 toneladas de comida foram enviadas para os campos de batalha apenas no primeiro ano da guerra. E isso incluía o sorvete, considerada uma das “armas secretas” da guerra e largamente utilizado pela indústria militar nas décadas seguintes.
A ideia é que os solados precisavam não somente de calorias, largamente encontradas no sorvete, mas também de conforto e prazer.
Em maio de 1918, segundo a revista The Atlantic, um editorial publicado pela “The Ice Cream Review” incentivava o alto consumo da sobremesa nos campos de batalha.
“Nesse país todo hospital utiliza o sorvete como uma comida e os médicos não saberiam o que fazer sem eles. Mas e quanto aos nossos jovens feridos e doentes na França? Eles precisam ficar na cama desejando uma velha e boa taça de sorvete? Eles estão lá até agora pelo sorvete e o sorvete é um tabu na França. Está clara a obrigação do General Cirurgião ou de outros oficiais de exigirem o próximo fornecimento”, diz o editorial apelativo.
Depois disso, o sorvete foi promovido ou desencorajado pelos americanos de acordo com a situação do país.
O próprio Hebert Hoover, conselheiro de guerra no setor alimentício, chegou a declarar que o o sorvete não era tão essencial para os feitos militares quando o estoque de açúcar nos Estados Unidos começou a ficar crítico em 1918.
Mas no final da década era praticamente desenfreado o consumo desse “alimento”.
Os americanos já estavam apaixonados pela sobremesa e consumiam mais de um milhão de galões de sorvete por dia.
Uma vez que fora associado ao conforto, à diversão, lado a lado do efeito proporcionado pelo álcool.
Durante a Segunda Guerra Mundial o produto foi novamente banido dos suprimentos enviados aos combatentes.
Os britânicos até tentaram convencê-los de comer cenouras no palito, mas os hábitos alimentares dos americanos já estava corrompido pelo açúcar.
O que se conta é que em 1942, durante o ataque japonês ao porta aviões da marinha dos Estados Unidos, o U. S. S. Lexington, antes que uma das aeronaves fosse à pique, os soldados trataram de comer todo o sorvete disponível no freezer.
As barras de chocolate enviadas derretiam no caminho, o que os soldados faziam? Misturavam o chocolate ao gelo, com o objetivo de improvisarem o seu próprio sorvete.
Apenas em 1945, a marinha americana gastou mais de US$ 1 milhão de dólares para distribuir sorvete pelo Pacífico.
Além disso, o exército americano tratou de construir pequenas empresas de sorvete diante dos frontes, o que resultou num gasto de mais de US$ 135 milhões de sorvete desidratado por ano.
Durante a Guerra da Coréia, um dos generais tentou convencer o Pentágono de que o sorvete era “comida de mariquinhas”, e que os soldados poderiam ser mais eficientes se ingerissem produtos “másculos” como cerveja e whiskey.
A tática não funcionou. O sorvete já estava profundamente enraizado no paladar americano. E o Pentágono respondeu oficialmente que todos os soldados deveriam ser servidos no mínimo, três vezes por dia, pela iguaria.
No livro “Tudo depende do jantar: A história extraordinária e a mitologia, a sedução e as obsessões, os perigos e tabus das refeições ordinárias” de Margaret Visser, tentam esclarecer o forte apelo que o sorvete sugestiona nos seres humanos.
De acordo com a pesquisadora, a sobremesa é capaz de induzir a nostalgia.
Primeiro porque ela remete à memórias de infância, porque ele “faz as pessoas se sentirem jovens e ao menos temporariamente seguras e inocentes”, ela explica à revista The Atlantic.
O segundo tipo de nostalgia refere-se ao fato de que o doce, especialmente do sorvete, é capaz de transportar as pessoas para um outro tipo de lugar e memória, como por exemplo, a casa desses militares, há milhares de quilômetros de distância.
O luxo de se comer um sorvete todos os dias, especialmente durante a guerra, com toda certeza proporcionava um prazer especial aos soldados, como se fosse sempre, a última refeição.
Essa arma doce e secreta dos Estados Unidos, com toda certeza era um fenômeno muito mais psicológico e emocional do que físico.
De qualquer maneira, os soldados acreditam na potencialidade de sua força e nenhuma guerra americana acontece desde então, sem que um pote de sorvete esteja ao alcance dos militares.
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Fonte: Fatos Desconhecidos
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