Aderir ao uso dos maiôs ainda em 2012 como uma brincadeira foi o suficiente para que o brasiliense Thum Thompson, de 34 anos, tomasse um rumo diferente em sua vida, tornando a vestimenta sua “marca registrada” em forma de protesto.

“Comecei a entender que era uma provocação e passei a usar em outros tipos de situação para gerar um questionamento. Virou um misto dos dois. Continua sendo uma brincadeira, mas percebo que também serve para questionar”, disse em entrevista ao Correio Braziliense e reconheceu que as características que carrega como “homem, branco, hétero e magro” diminuem potencialmente a chance de sofrer algum tipo de violência.

Thompson afirma que ter usado maiôs ainda causa muita estranheza por onde passa, e não entende como uma simples peça de roupa pode dividir tantas opiniões. “Por que as pessoas sofrem algum tipo de homofobia, agressão, só por usar uma roupa tida como feminina?”, questiona.

Thum Thompson (Foto: Reprodução/Instagram)

Para a coordenadora do curso de Moda do Instituto Europeu de Design (Iesb), Clarice Garcia, homens aderindo ao maiô podem se tornar uma tendência no futuro se mais homens aderirem à vestimenta livremente, seja para protestar ou para o próprio conforto.

“Por enquanto é uma inovação, mas muitas vezes morre nisso. Imagino que fique mais comum, mas não imagino que vire tendência este ano. Ele fala com essa geração que pretende se expressar politicamente através da moda. Não é só estético”, esclarece Clarice.

A coordenadora avalia que o contexto político no Brasil pode contribuir para esse e demais questionamentos, como foi o caso recente do “menina veste rosa e menino veste azul”.

“Não tem nada a ver com cultura gay. Tem a ver com questionamentos de porque eu não posso me vestir dessa forma, por que não posso me comportar dessa forma”, esclarece.

(Com informações do Correio Braziliense)

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