O Sol está agitado e isso pode trazer sérios problemas aos serviços de internet ao redor do mundo, principalmente na América do Norte, onde os cabos que transmitem os sinais digitais estão mais expostos às ejeções de massa coronal. De acordo com o SpaceWeather.com, uma espécie de “tsunami solar” movimentou a superfície da nossa estrela na última quinta-feira (26/08), o que lançou uma massa de partículas em nossa direção.
Como o astro está a aproximadamente 150 milhões de km da Terra, a onda de energia chegará ao planeta na segunda-feira (06/09), podendo causar uma tempestade geomagnética de classe G1. A chance disso acontecer varia entre 1,6% e 12%, mas, caso ocorra, os efeitos serão catastróficos para as redes de internet.
Uma pesquisa apresentada na conferência de dados SIGCOMM 2021 nesta semana apontou que a vulnerabilidade da América do Norte perante às ejeções de massa coronal pode interromper os serviços de internet durante meses. Estima-se que para cada dia sem conexão os EUA percam cerca de US$ 7,2 bilhões, em uma crise sem precedentes.
DEFESA NATURAL
A Terra tem defesas naturais contra as explosões solares. Quando as rajadas de radiação vêm em direção ao planeta, a magnetosfera envia partículas carregadas aos pólos, o que cria uma espécie de pára-raios. O resultado da absorção são as famigeradas auroras boreais. Todavia, o que aconteceu na última quinta-feira é um pouco mais grave.
Diferente das explosões solares, as ejeções de massa coronal, causadas por raras tempestades magnéticas, criam enormes nuvens de plasma que podem danificar severamente as redes de energia. O sistema de abastecimento elétrico foi projetado para amenizar os efeitos do magnetismo, mas o de internet não.
“A comunidade ignorou amplamente esse risco durante o planejamento das redes e sistemas geo distribuídos, como DNS e centros de dados”, diz o relatório divulgado na SIGCOMM 2021.
O maior problema, afirmam os pesquisadores, são os cabos submarinos, que funcionam como a espinha dorsal da Internet. No caso de uma tempestade geomagnética, as partículas de energia seriam canalizadas nas latitudes mais altas, e é justamente lá que se encontra 99% dos filamentos da rede mundial de computadores. Na Europa, os condutores são mais curtos, o que atenua o problema. No entanto, na América do Norte, a extensão dos cabeamentos é uma chance considerável ao azar.
Os últimos eventos solares desta magnitude ocorreram em 1859 e 1921, e danificaram drasticamente a rede telegráfica. O sistema de internet, por outro lado, nunca foi testado. Se ele não aguentar, todo o norte da América, Europa e Ásia pode ficar ilhado perante os países localizados no centro da Terra, isso se os satélites não afetarem a todos.
Relatório
Os autores do relatório acreditam que equipamentos mais baixos são especialmente vulneráveis às explosões magnéticas. “GPSs e satélites de comunicação que estão diretamente expostos à tempestade sofrerão perda de conectividade e podem ter componentes eletrônicos danificados. Em alguns casos, eles podem até sair da órbita e adentrar a estratosfera”, revelaram.
Para Sangeetha Abdu Jyothi, que dirige a pesquisa, este é um exemplo clássico dos humanos ignorando uma ameaça iminente, como o coronavírus.
“Vimos, com a pandemia, como o mundo estava despreparado para lidar com isso de forma eficaz. É a mesma coisa com a Internet. Nossa infraestrutura não está preparada para um evento solar em grande escala. Temos uma compreensão muito limitada de qual seria a extensão do dano”, garantiu.
Caso a onda que chega na Terra na próxima segunda-feira não acometa a rede, é provável que isso aconteça em 2024, quando o Sol atingirá seu próximo Máximo Solar. O evento, que marca o pico das erupções solares e CMEs, acontece a cada 11 anos, porém, diferente daquele que ocorreu em 2013, este promete ser um dos maiores já registrados na história moderna.
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