Street dance, dança de rua ou danças urbanas. A nomenclatura que designa ritmos originalmente periféricos, e por isso, estereotipados e marginalizados, abrange várias modalidades como o Hip-Hop, house dance, Waacking e Dancehall. Os movimentos vêm de um contexto urbano, político e social. Dança usada como forma de manifestação política.
Nascidas fora das academias de dança e incorporadas atualmente por elas, as danças urbanas são provenientes da cultura de rua e refletem o que era dito, ouvido e vivido no cenário que as legitimou. “Cada dança urbana tem um história e um contexto social diferente. Por isso, conta a história e a cultura das pessoas que as praticavam. Todas têm sua especificidade”, destaca o professor de dança e diretor da Companhia Mirai de Dança, Franco Salluzio.
Caracterizado por batidas pesadas, movimentos intensos e uma pegada marcante de gueto, o Hip Hop talvez seja o mais famoso dos ritmos de rua. Representa o gingado do jogador de basquete – esporte massificado em Nova York, onde o Hip-Hop ascendeu.
O House Dance nasceu nas baladas de música eletrônica. Uma dança alegre, de vibe positiva, que fala de amor e positividade. Teve influência latina e trabalha, sobretudo, com pernas e pés. Teve origem na cultura eletrônica da década de 1980, de Chicago, Estados Unidos. Entre os passos, destaque para “Jack in the Box”.
Interlocutor na quebra do preconceito, o Waacking, discutiu gênero e sexo. Muito famoso entre o público LGBT, o ritmo do disco contribuiu para o diálogo entre a comunidade LGBT e a sociedade. Os braços são o destaque da dança, proveniente da era disco dos anos 1970. A ilusão, genialidade e culto aos membros superiores, com sofisticação, delicadeza e liberdade caracterizam o ritmo que conquistou boates mundo afora.
Da Jamaica veio o Dancehall, com roupagem extremamente politizada e social. As letras eram semelhantes ao rap – voltadas à realidade das pessoas, narravam o cotidiano da vida política. Dançar era uma forma de revolução. Protestar por meio da linguagem do corpo. Com o tempo, o Dancehall foi perdendo a identidade e ganhando cunho comercial. Também recebeu influência do reggae. Quadril, rebolado e sensualidade são referências em passos como body wave e wash machine.
Para a geração “Old School”, de 1980, o cenário não era nada convidativo em Belém. Primeiro a chegar à capital paraense, o Breaking foi impulsionado pelos grupos de dança que sofriam forte resistência da sociedade. Estereotipada e marginalizada, a dança de rua levava à cadeia. Os que praticavam Breaking, ao fazerem passos no chão, com suas piruetas e por “plantar bananeira”, eram presos. “A vontade de expressão contribuiu muito para o atual cenário. Hoje o Mercado de São Brás é o ponto de encontro de muitos grupos independentes na cidade”, comemora Salluzio.
O estudante Lucas Lobo, 20, foi atraído pelo gingado contagiante do Breaking. Na Associação de Moradores do bairro do Telégrafo, onde morava, teve o primeiro contato com a dança. “Achava legal, mas não sabia nada. Me enturmei, gostei e não parei mais”, conta. “A cultura foi me contaminando”. Hoje, o B-boy é aluno de uma companhia de dança. A prova que a cultura não é restrita à academia ou às ruas.
(Diário do Pará)
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