O projeto Circular chega hoje a 5ª edição sendo mais do que um estímulo a comercialização de arte. Ele permitiu que espaços culturais fossem aproveitados de forma mais intensa e que as pessoas circulassem por eles com liberdade, abrindo os olhos para o valor dos bairros que são o berço histórico de Belém - a Campina e a Cidade Velha. Este é um dos dos melhores presentes que a cidade recebeu às vésperas de seus 399 anos.
“Acho que um projeto como esse só se autossustenta com o envolvimento dos moradores, das pessoas. Eu acho maravilhoso ver as ruas movimentadas, acho muito legal as pessoas estarem circulando no centro, a gente podia todo dia ter essa liberdade de andar a pé por nossas ruas... Olhar aquela casa de azulejo, os detalhes das portas... Acho que dá pra perceber o potencial que a cidade tem em termos turísticos, que tem tudo, bastava a gente investir um pouco nela”, considera Makiko.
E quem acaba de chegar ao bairro e abrir suas portas confirma que vale muito a pena investir, entre eles, o Casulo Cultural e o Espaço Cultural Valmir Bispo Santos. Este último foi inaugurado em outubro do ano passado e já começa a colaborar com o projeto apresentando uma grande exposição coletiva com trabalhos de artistas como Marília Melo e as obras em gesso de Deivid Santos. “Quando abrimos este espaço, tínhamos receio por ser um bairro onde as pessoas circulam pouco e com medo, mas vimos que é ocupando e realizando projetos como esse que podemos revitalizar a cidade. Aqui existem muitos espaços culturais e ateliês em volta. A Campina já tem uma tradição nas artes”, diz a artista plástica Vânia Santos, uma das organizadoras do espaço e artista em exposição.
Já Tati Brito, produtora e idealizadora do Casulo Cultural, onde outra exposição coletiva é oferecida, diz que desde a criação do espaço o desejo foi dar novo significado ao centro da cidade. “Estas ruas têm sido tomadas por abuso de drogas e criminalidade. Estamos bem na Travessa Riachuelo com a Frutuoso Guimarães e tem ainda um estigma, um preconceito em relação a elas. Ao reunir todas essas ações estamos aqui para quebrar isso”, diz.
CIRCULE
A quem deseja acompanhar o Projeto Circular, as opções de para onde se dirigir são muitas. Nesta edição, novos parceiros ganham destaque, como o Porto do Sal, na Cidade Velha, que participa da programação com uma exposição de Del Tetto Jr. e Elaine Arruda na Metalúrgica Santa Terezinha, uma ação de pintura dos artistas Éder Oliveira e Luís Júnior e o costumeiro churrasco de domingo do Dinho. Quem deseja seguir para a Campina, na Praça das Mercês ocorre uma oficina de iniciação à música eletrônica oferecida pela Belchior Escola de Beats.
Ainda a céu aberto, outras atividades exigem apenas disposição, como o “Roteiro GeoTurístico Belle Époque” organizado pelo Grupo de Estudos GeoTurismo da UFPA que, saindo da Praça das Sereias, em frente ao Cine Olympia, faz uma boa caminhada pelas ruas do berço da cidade, com término na Praça dos Estivadores. “Dá pra integrar tanto o público da Circular quanto do Roteiro, as pessoas podem ter essa primeira percepção do patrimônio material e cultural”, diz a coordenadora do projeto, professora Goretti Tavares.
Após o roteiro, os participantes poderão entrar com novo olhar nos espaços que integram o circuito, locais como a Kamara Kó Galeria, que recebe a exposição, “Inquietude”, de Ana Mokarzel. “Alguns lugares mexem comigo. Têm paisagens que me deixam intrigada. Sinto vontade de penetrar naquele espaço, me sinto atraída mesmo e mergulho”, diz a fotógrafa.
Em “Inquietude”, a artista reúne as séries “Km14” e “Ausência”, registro de dois diferentes lugares unidos pelo vazio e a solidão. Enquanto a primeira retrata uma paisagem selvagem, a outra revela imagens de um posto de gasolina abandonado, numa cidade qualquer. Assim, sem escolher os lugares, mas deixando que os lugares a escolham, a fotógrafa mergulha naquele pequeno universo por diversos dias, em diferentes horas.
Quem prefere música, na Discosaoleo, haverá vo miniconcertos dos artistas Rafael Azevedo, Delinquentes e Marcel Barretto.
Olympia exibe mostra especial para Belém.
(Diário do Pará)
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