Documentário destaca rock em Belém na década de 80

No próximo sábado (20), em Belém, será lançado o "Lado B – O Rock paraense dos anos 80", documentário que destaca a cena musical vivida entre as décadas de 1980 e 1990 na capital do estado.

Com filmagens iniciadas em 2012, o filme tem roteiro, direção e filmagem de Janine Valente, graduada em Comunicação Multimídia; produção e filmagem de Lucas Monte; e edição de Arthur Farias, Lorena Souza e Victor Santos, além da edição de áudio e sonoplastia de Mauro Seabra.

Segundo Janine, a ideia de produzir o documentário surgiu ainda na faculdade em 2012 durante uma disciplina. "O tema 'rock paraense' veio como uma curiosidade sobre uma cena musical em que eu estava inserida como ouvinte, mas não sabia nada sobre as raízes, a origem na cidade e tudo mais. No momento em que comecei buscar respostas pra satisfazer minha curiosidade, encontrei muitas pessoas que tinham vivido o tempo e tinham boas histórias pra contar; ouvindo as histórias dessas pessoas iniciei minha relação com o rock dos anos 80 e comecei a me dedicar em mostrá-las pra outras pessoas também", conta a jovem.

Veja o teaser do documentário:

A produção de "Lado B" está inserida em um panorama crescente de pesquisadores que desenvolvem trabalhos acadêmicos e outras produções sobre o rock na década de 1980 e início dos anos 1990, considerado até hoje a "época de ouro" na cidade. Para Janine, este movimento "talvez possa ser atribuído à importância da memória, ao sentimento de reviver o passado pra entender o presente. A gente vive um contexto sócio cultural de luta por sobrevivência e valorização e ao procurar entender, pesquisar e relatar essa época é possível perceber que essa luta vem de antes, o que causa mais inspiração e motivação pra continuar", explica.

O período

Ainda que muita gente desconheça a história do rock em Belém de três décadas atrás, há inúmeros fatos curiosos, bandas que surgiram e ganharam até mesmo destaque nacional, além de outras que até hoje permanecem em atividade.

É possível dizer que um dos fatos principais do período é o show de lançamento do primeiro disco da banda Stress em 13 de novembro de 1982, no estádio da Curuzú. O público até hoje é incerto: uns falam de 20 mil pessoas, alguns 10 e outros 5 mil. Independente da quantidade, foi um dos marcos para o período, algo talvez inimaginável de ocorrer novamente na cidade.

Chamava atenção ainda os locais que ajudavam a fazer circular o rock, como as lojas Histeria Rock’n’roll, Ná Figueredo, Gramofone, que não somente vendiam roupas e discos, como eram pontos de encontro para os jovens. Os shows variavam de bares pequenos até grandes casas, como a então Escola Superior de Educação Física (ESEF) e Teatro Experimental Waldemar Henrique. O período também era marcado por questões políticas e sociais, como a reabertura política e lutas sociais como a busca por meia passagem para estudantes.

Público na Curuzú durante o show de lançamento do disco do Stress. Foto: Roosevelt Bala/arquivo pessoal

Com tais condições, o ápice da produção pode ser considerado o "Projeto Rock na Praça 24 horas no ar", ou simplesmente Rock 24 Horas, evento inovador que teve duas edições em 1992 na Praça da República e a última em 24 de abril de 1993, na Praça Kennedy, atual Praça Waldemar Henrique. A programação, que durava de fato um dia todo, bem antes de "viradas culturais" ocorrerem pelo país, contou em suas duas primeiras edições somente com bandas paraenses e grande público, mostrando não somente a evolução a produção musical como também o grande consumo e conhecimento dos grupos. No entanto, o auge também foi o grande ícone “da queda” da cena e o evento foi interrompido com uma grande confusão entre membros de gangues a cidade e seguranças do show. O destaque do rock saía de cena e dava início a um hiato, que só foi retomado anos depois.

Levando tudo isto em conta, Janine destaca que as pessoas, que viveram ou não conhecem a história, podem esperar sobre o filme: "Nos primeiros minutos, lembranças. Nos takes de arquivos, algum reconhecimento. Mas em um contexto geral, nostalgia", finaliza.

Programação

Além da exibição do filme, haverá um bate-papo com os músicos Jayme Katarro (Deliquentes), Keila Monteiro (Cais Virado) e Roosevelt Bala (Stress), além do radialista Beto Fares e o jornalista e pesquisador Enderson Oliveira. Haverá ainda coquetel vegetariano e discotecagem "faça você mesmo", onde será possível levar o próprio disco.

Serviço

Lançamento do documentário Lado B – O Rock paraense dos anos 80. Quando? 20 de junho, a partir de 17h. Onde? Fábrika Studio, na Rua Aristides lobo, 122, Comércio, Belém. Entrada Franca.

(DOL)