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Ator reconta história canibal que chocou Alemanha

Em 2001, o alemão Armin Meiwes matou e comeu outro homem que conheceu por meio de bate-papo na internet. Segundo o criminoso, a vítima pediu para ser devorada. Ele registrou em vídeo o momento em que cortava o corpo do engenheiro de computação Bernd Brand

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Em 2001, o alemão Armin Meiwes matou e comeu outro homem que conheceu por meio de bate-papo na internet. Segundo o criminoso, a vítima pediu para ser devorada. Ele registrou em vídeo o momento em que cortava o corpo do engenheiro de computação Bernd Brandes, de 42 anos. Apesar de chocante, o canibal informou que mais de 470 pessoas se ofereceram para virar seu alimento. Comunidades desse tipo encontram-se na chamada “deep web”, ou seja, nas profundezas do mundo virtual. A história verídica inspirou o espetáculo “Ato de Comunhão - Login/Logout”, do ator gaúcho Gilberto Gawronski em parceria com Warley Goulart, que será apresentado hoje e amanhã, no Teatro Estação Gasômetro, em Belém.

Gawronski transformou a história em um monólogo para tratar de forma cênica questões relativas ao comportamento humano contemporâneo, já que o instigam para a criação artística temas relacionados aos afetos, sexualidade, solidão, tecnologia e internet. A história chegou a suas mãos por meio do crítico uruguaio Jorge Arias, que apresentou o livro do argentino Lautaro Vilo, achando que pudesse ser interessante para suas reflexões, já que Arias tinha visto as peças anteriores de Gawronski, como “Na Solidão dos Campos de Algodão” e “Dama da Noite”.

Em contato com o autor, Gawronski conseguiu os direitos para encenar a peça no Brasil – montada pela primeira vez em 2011. Desta vez, contemplado pelo Programa Petrobras Distribuidora de Cultura 2015/2016, circulou por Manaus, Brasília e agora chega a Belém.

“No início, fiquei meio apavorado por se tratar de canibalismo, mas fui me surpreendo pela forma poética como Lautaro Vilo trata da notícia e a transmuta de uma maneira leve, virando dramaturgia. Ele fala sobre o desejo, e os limites que devemos trabalhar dentro dos desejos. Para mim, acaba sendo uma metáfora de possibilidades de desejos que o ser humano de hoje tem. E o teatro é o tablado para expor isso, desde a Grécia Antiga, como possibilidade de discussão ou reflexão pessoal. Vejo as pessoas ao meu redor - e eu mesmo -, completamente imersas na virtualidade, perdendo o que mundo real propicia”, diz o ator, que também dirige o espetáculo e que essa semana ministrou oficina sobre o processo criativo da obra na Fundação Curro Velho.

Sanguinolenta, porém palatável

Diante do impacto da própria história, a busca pela composição artística do monólogo foi desafiadora. Gawronski sabia que não poderia ser literal, tampouco apresentar cenas tais quais o crime ocorreu. Ele partiu então para a potencialidade da narrativa oral e apostou neste elemento como sendo fundamental e condutor da trama, para além de outros elementos cênicos no palco. Uma parte dessa busca se deu pela revelação do canibal, que confessou ter encanto pela história de “João e Maria” – compilada pelos irmãos Grimm. Ao lado da companhia Tapetes – Contadores de Histórias, o diretor, que também é o ator principal, começou a estudar técnicas para esta parte.

“Essas histórias consideradas infantis não deixam de ser bizarras e têm muito sangue, por mais que não apareça. ‘João e Maria’ mostra que eles serão comidos pela bruxa; em ‘Chapeuzinho Vermelho’ tem o lobo que come a vovó. Fui então em busca desse grupo para entender sobre o poder da oralidade para a condução desse personagem. A narrativa é contada quase em forma de um mantra, deixando o imaginário do público livre para criar o que é impactante. Veículos de TV e cinema mostram uma história com mais realidade, mas no teatro podemos criar a catarse a partir da narrativa”, diz Gawronski.

Os elementos cenográficos do monólogo foram pensados de forma simples, justamente para privilegiar a maneira como a história é contada. O diretor também prefere montar produções esteticamente menos chamativas. “Sempre fui uma pessoa muito clássica no sentido da plasticidade e me inspirei na obra de Francis Bacon, no fotógrafo Robert Mapplethorpe e no cineasta Derek Jarman para fazer o monólogo. A arte tem esse poder: você pode contar a história mais sanguinolenta de forma palatável”, diz.

Espetáculo “Ato de Comunhão - Login/Logout”, de Gilberto Gawronski

Quando: Hoje e amanhã, às 20h

Onde: Teatro Estação Gasômetro (Parque da Residência - Av. Gov. Magalhães Barata, 830)

Informações: (91) 4009-8721 e 98884-2125Em todas as sessões será oferecida a possibilidade de tradução para libras.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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