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Edgar Augusto comemora 50 anos de radialismo

Quando criança, o jornalista Edgar Augusto costumava brincar pelos corredores da Rádio Clube do Pará, a primeira do estado, fundada em 1928, que era de propriedade de seu avô, de quem herdou o nome. Preferia observar o movimento dos bastidores dos program

Quando criança, o jornalista Edgar Augusto costumava brincar pelos corredores da Rádio Clube do Pará, a primeira do estado, fundada em 1928, que era de propriedade de seu avô, de quem herdou o nome. Preferia observar o movimento dos bastidores dos programas e as gravações das novelas radiofônicas do que ir para a rua. “A minha mãe me levava e eu ficava por lá. Adorava ver os atores que eram galãs por suas vozes, mas baixinhos e carecas, os beijos que eram na mão, a chuva que não era chuva. Percebi a mágica do rádio”, revela. A magia pueril persistiu em sua vida adulta. Mesmo instigado pelo pai a fazer o curso de Direito na UFPA - o qual concluiu, mas nunca exerceu -, começou a trabalhar com apenas 16 anos como radialista, carreira que abraçou para toda a vida, seguindo a tradição de família.

Este ano, essa trajetória profissional completa 50 anos, junto com um dos programas mais longevos da história do rádio no Pará, a “Feira do Som”, que comemora 45 ininterruptos no ar, e é veiculado de segunda a sexta-feira, de 12h às 14h, na Rádio Cultura, e que também virou coluna no VOCÊ, publicada às terças, quintas e sábados no caderno.

Decerto é um feito para ser celebrado, em tempos de grades de programação que, para não cansar ouvintes, são facilmente substituídas.

Edgar Augusto não sucumbiu às armadilhas do mercado. Privilegiou nessa trajetória a sua própria personalidade e o que considerava adequado à veiculação na “Feira” - que teve sua primeira execução numa FM no dia 1º de março de 1972, na então na PRC –5, hoje a Rádio Clube do Pará. O nome do programa foi uma sugestão de seu irmão, o escritor Edyr Augusto, que ouviu a ideia de Edgar para a atração e fez a proposta.

A ideia de formatar a “Feira do Som” ocorreu quando, em 1969 e 1970, Edgar Augusto acompanhava o programa “Pocket Show”, apresentado pelo publicitário Rosenildo Franco, ao meio-dia, na Rádio Clube.

“Era curioso, era o que chamo de jornalismo musical. E na época, como não tinha internet, toda manhã cedo, ele tinha um fusquinha e ia no aeroporto pegar os jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, e lia as notícias relativas à arte. Ele percorria as lojas de disco e observava o que era lançamento e jogava no ar. Eu não perdia. Ficava na hora do almoço em casa porque ficava por dentro de tudo que já estava acontecendo. Tinha 18 anos e achava interessante. Mas tinha uma coisa: ele falava numa dimensão nacional e eu já era um notívago, e saía para ver os músicos tocando nos bares do subúrbio. Via com muita pena que ninguém ligava para eles, não tinham uma citação em rádio”, relembra.

Quando Rosenildo saiu da emissora e se mudou para Salvador, o programa ficou vago e Edgar foi consultar seu pai, Edyr Proença, que era diretor da rádio. O radialista já trabalhava como repórter, mas insistiu que gostaria de fazer um programa a partir de um projeto próprio, para abranger novidades relacionadas à arte e cultura no Brasil, mas principalmente no Pará. Afinal, era isso que ele sentia falta. O pai aceitou e o programa criou a sua própria identidade.

PRAZER QUE SE MISTURA AO TRABALHO

Transformada em programa na Rádio Clube, a “Feira do Som” ia bem, com a participação de cantores e outros artistas, sorteios de ingressos e brindes, mas Edgar Augusto enfrentou alguns percalços. Quando a sua família vendeu a Rádio Clube e fundou outra rádio, a Cidade Morena, ele não quis formar sociedade, mas levou a “Feira do Som” para lá, só que passados três anos, de 1982 a 1985, foi avisado pelos próprios irmãos que o programa não poderia mais ser veiculado, devido a uma incompatibilidade de linha editorial. “Eles queriam uma linha mais jovem e achavam que um programa como esse não era o perfil da emissora, que iria entrar como um corpo estranho. E eu amava o programa. Foi quando foi fundada a Rádio Cultura e fui para lá”, relembra.

E até hoje é onde o programa permanece, há 31 anos. Edgar já atuava na emissora, mas na extensão Ondas Tropicais e esse momento marcou a sua ida para a FM. “Dei a ideia ao Francisco César, presidente da Funtelpa (que administra a rádio) na época, e ele gostou. É a casa do programa, que me deu todas as condições para realizá-lo. Saíram presidências, governos e consegui me manter, mesmo que nem sempre seja adepto dos governos que estão aí. A essência da ‘Feira’ jamais foi alterada, é o jornalismo musical. E claro que tem uma característica minha, do linguajar que procurei realizar sem ser o locutor. É um camarada que fala como se falasse com as pessoas na rua ou estivesse sentado numa mesa de bar com elas. É o que sempre objetivei e acho que consegui. Fico muito feliz porque foi um projeto e não se desgastou, porque acho que as pessoas querem informação”, comenta.

ROTINA

A “Feira do Som” é a vida de Edgar Augusto. “Ela fica 24 horas comigo. Tudo o que faço, penso no programa. Acordo e vou trabalhar feliz. Não é aquela coisa: ‘ah, tenho que ir trabalhar’. Não. é um prolongamento da minha vida. Se estou num restaurante e vejo um pianista, por exemplo, que não conheço, pergunto, dou um toque na coluna e esse é meu objetivo. Se vou ao shopping, passo na loja de discos e de livros, digo o que observo. Acaba sendo útil para as pessoas”, diz.

A rotina de trabalho é baseada também nos inúmeros e-mails e telefonemas que ele recebe diariamente como sugestão para divulgação. E o critério para o que vai entrar no programa é subjetivo, baseado em seu gosto, mas considerando também a diversidade musical brasileira.

“Todo dia é um desafio, é o papel em branco. Chego cedo, às 8h, vejo os jornais, entro na internet, vejo o que chegou no e-mail e às 10h começo a montar o que vai entrar. A Alessandra Caleja, produtora do programa, já separa todas as músicas e passa direto para o computador para não ter falhas, e às vezes ocorrem, porque é ao vivo, aparecem lances de última hora. Mas uso a experiência do improviso, mas isso é raro. Quando acontece, acontece. Também tenho muitos colaboradores que me auxiliam só por saber que atuo com esses assuntos e me lembram de discos, livros, filmes. Já toquei brega. Tem gente que diz: ‘me admiro de ti’, mas é a nossa cultura também”, diz.

BEATLES

Todo os dias, Edgar Augusto, que é um beatlemaníaco empedernido, também comenta algo da história do quarteto de Liverpool. No início, o quadro “No cantinho dos Beatles” não fazia parte do programa, era uma sequência que tocava na Rádio Clube no programa “Sábado Gente Jovem”, então os ouvintes começaram a solicitar que ele também o fizesse. E para ele, não foi problema. “É uma paixão particular, tenho todos os livros, discos da banda, das carreiras solos dos quatro. Aqui em casa são três prateleiras só com livros deles. Coloco as canções oficiais, mas já até cansei, uso também as alternativas, aquelas que não valeram, é prazeroso. E material não falta, nem público entusiasmado, principalmente a garotada”, diz.

RUMO AOS 50

Edgar revela que seu pai era rigoroso e dizia: “Tente ser o melhor e se não conseguir, morra tentando”. E disso fez sua missão na rádio. Agora, pretende chegar aos 50 anos de “Feira do Som”, Mas depois disso, teme que não consiga mais produzir algo interessante. Bobagem. No mesmo segundo, não hesita e diz que não conseguiria viver sem o programa. Mas não descarta que ele seja executado por radialistas mais jovens. E completa: “Hoje em dia, olhando para trás, acho que papai não está aborrecido comigo”.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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